O Atlético terá dois desafios na partida de hoje, contra o Juventude.
Provar que pode ser fora de casa tão implacável como é na Arena. A varrida de 5 a 0 para o Náutico deixou seqüelas. Se não na classificação, onde foi apagada pelos triunfos em casa; na auto-estima do time, que parece deixar seu futebol no check-in do Afonso Pena cada vez que a tabela marca um compromisso fora de casa.
O outro é provar que consegue jogar bem sem Ferreira. O colombiano está em sua melhor fase no Atlético. Graças ao posicionamento mais à frente determinado por Ney Franco.
Os dois desafios, porém, são muito mais psicológicos do que práticos. Perder não vai aumentar o drama rubro-negro nem o risco de rebaixamento, que deve ser sepultado nos próximos jogos em casa. Mas seria uma baita alívio saber que é possível contar com pontos como visitante e que há inteligência na armação do time sem o baixinho colombiano.
Ferreira
Após uma semana em que Ramón despontou como a opção mais provável para o lugar de Ferreira, Ney Franco optou por Dinei. Será uma ótima chance para ele, maldito para a torcida desde que formou a terrível dupla de ataque com Marcelo, sob o comando de Antônio Lopes.
Ney acerta, pois reconhece que, taticamente, não há ninguém como Ferreira no elenco. Com Ramón, o time ficaria com seis jogadores no meio e sem velocidade no ataque.
Com Dinei, o time não perde tanto em agilidade. E Marcelo Ramos não fica tão isolado.
Caravanas
Lógica, não será nem perto da Arena, mas o Atlético terá o apoio de número considerável de torcedores. Bastante gente aproveitou o feriado para ir a Caxias do Sul torcer pelo Furacão e conhecer a Serra Gaúcha. Belo passeio, que pode ficar mais saboroso com um chocolate rubro-negro nesta sexta-feira fria.
Papada na UTI
A papada (apelido da torcida do Juventude) insiste em lutar contra o que parece inevitável, o rebaixamento à Série B. Beto Almeida promove três mudanças na equipe.
O experiente Lauro volta à proteção da zaga, ao lado do uruguaio Vanzini. Na zaga, Wescley reaparece. E Fábio Baianoa (aquele) é a “salvação” na criação.
Nem Nossa Senhora Aparecida parece capaz de dar um jeito neste Juventude.
Inimigo íntimo
A grande arma do Juventude estará no banco de reservas. É William, meia que pertence ao Atlético. No ano passado, ele salvou Vadão e o Furacão de apuros em algumas partidas, entrando nos minutos finais. Que o feitiço não vire contra o feiticeiro.
Almanaque
Atlético e Juventude já duelaram 17 vezes pelo Nacional. Oito vitórias do Furacão, seis da papada e três empates.
O último duelo foi no primeiro turno deste ano: 4 a 0 para o Atlético, na Arena, gols de Alex Mineiro, Dinei, Evandro e Jancarlos.
Em Caxias do Sul a história muda. O Atlético não ganha lá desde 2002: 2 a 0, pela Sul-Minas.
Outra lembrança do Jaconi (essa ruim) é o fim da invencibilidade de 12 jogos do Atlético de Geninho, em 2001. Juliano (ex-Coritiba) e Dauri (ex-Paraná) marcaram os gols do Ju, que contava com Diego, que dois anos depois viria para o gol do Atlético. Como curiosidade, foi o jogo da única expulsão de Kléberson no Furacão.
O Juventude também impediu o retorno do Atlético à Série A já em 1994. Com um empate por 2 a 2 na Baixada e uma vitória por 4 a 2 no Jaconi, os gaúchos superaram o time de Gílson “Diabo Loiro” no quadrangular semifinal, que classificava o seu campeão à Primeira Divisão.
Como ganhar
O desespero do Juventude é perfeito para um centroavante frio como Marcelo Ramos brilhar.
Como perder
Repetindo a sonolência dos últimos jogos fora.
Imperdível
Aqui, também a bandeirinha: a paulista Maria Eliza Correa.