Primeiro, o desabafo:

Frases de Geninho na despedida

“Se o Atlético estiver um dia precisando de alguém para socorrer, não conte comigo porque eu não volto. A minha passagem aqui se encerrou.”

“Talvez o meu grande erro foi ter voltado em 2008. Se eu tivesse ficado quieto em casa, hoje o Atlético poderia estar na Segunda Divisão, mas eu ainda seria unanimidade.”

“Isto não é uma despedida, é um adeus.”

“Inclusive estou vendendo as minhas cadeiras. Não tenho ligação nenhuma mais com o clube. Nem votar eu voto mais.”

“A única equipe no Brasil que está com um aproveitamento maior que esse é o Coritiba. Saio consciente que o meu trabalho foi bom.”

“Eu sempre fui uma pessoa que olha no olho, eu não mando recado, às vezes eu arrumo confusão porque eu falo. Eu não sei ser traíra e não sei fazer as coisas pelas costas. E gosto que sejam assim comigo. O Marcos teve o sábado para me comunicar, eu estive com ele. Eu duvido que as coisas já não estivessem decididas. É claro que eu estou magoado com o presidente. Não vou mentir.”

Agora, uma análise:

Não há nada de errado mandar um treinador após uma vitória. Se existe uma avaliação que o trabalho poderia ser melhor, a mudança é plausível. É preciso, no entanto, antes de tudo, deixar nítida a insatisfação.

Geninho não é ingênuo. Qualquer torcedor de araque sabia da falta de lastro que ele carregava desde a chegada no Atlético. Ele conhecia essa situação de descrédito. Mas confiou no seu taco. E foi levado a acreditar que era possível vencer a descrença.

Levou uma rasteira — salvo exista algum segredo nesta história.

Diante disso, a demissão do treinador foi um retrato caricato da selvageria que é o futebol. Não existe ética, coleguismo, muito menos satisfação dos atos.

Ele tem o direito de desabafar. Concedeu uma entrevista dura. Mas ninguém tem o moral de atacá-lo por isso. A queda do técnico serve de alerta para quem acredita em algum valor moral.

Olhar na cara, falar a verdade, ajudar na solução dos erros, acreditar no subordinado (odeio essa palavra, mas enfim) é o mínimo que a diretoria do Atlético deveria ter feito.

É impossível imaginar um cara cordial com Geninho, sair jogando m… no ventilador sem estar coberto de razão.

Fica a vergonha da cúpula atleticana de tratar um profissional com tamanha falta de elegância. Vergonha, inclusive, que ficou nítida ao deixá-lo usar as dependências do clube para soltar o verbo.

No fim do ano, o Atlético lembrará os 10 anos do título nacional. Espero que convidem Geninho para a festa. Ele merece rir da cara daquele que venha fazer-lhe o convite.