Mais do que promessa de campanha, a renovação de Geninho é um atestado que a nova diretoria passa de que, enfim, o Atlético voltará a priorizar o futebol. Um passo fundamental, mas não definitivo. O importante agora é traçar um planejamento amplo e cumprí-lo à risca, mudando apenas o que comprovadamente der errado.
Escrevo isso para voltar à passagem anterior de Geninho pela Baixada, entre 2001 e 2002. O Atlético foi campeão brasileiro no dia 23 de dezembro. Deu férias aos seus jogadores no dia seguinte, com o compromisso de usá-los apenas a partir de fevereiro, na disputa da Libertadores.
Tudo corria como planejado, até a estréia na Copa Sul-Minas, dia 20 de janeiro de 2002, contra o Cruzeiro. Com apenas três campeões brasileiros em campo (Flávio, Alessandro e Fabiano), o Atlético perdeu por 2 a 0 na Baixada. Todos os jornais na época estamparam o carimbo na faixa de campeão nacional.
Um carimbo totalmente simbólico. Afinal, o que estava em campo era o clube campeão nacional, não o time. A ironia foi demais para o ego de alguns dirigentes rubro-negros, que exigiram o retorno dos campeões.
No domingo seguinte, eram apenas três os campeões que não estavam em campo no Orlando Scarpelli (Nem, Gustavo e Kléber). O 2 a 0 sobre o Figueirense “lavou a honra” de quem se sentiu ferido, e mandou o planejamento atleticano para o vinagre.
O clube pagou por isso na Libertadores. Com uma campanha medíocre, com direito a perder em casa para o Bolíviar, ceder o empate para o mesmo Bolívar em La Paz após abrir 5 a 1 e ser eliminado com um 5 a 0 para o América de Cali, que tinha no meio um baixinho chamado Ferreira.
O time ainda se recuperou. Enfiou 5 a 1 no Grêmio dentro do Olímpico, fez a final da Sul-Minas contra o Cruzeiro. Enfim, provou que a manutenção do planejamento teria levado o Atlético mais longe onde realmente importava, que era a Libertadores.
Em meio à enxurrada de burradas que quase levaram o Atlético à Segunda Divisão em 2008, essa lição de quase sete anos atrás também deve ser levada em conta a cada passo do Furacão em 2009. Não deixar que percalços menores façam o clube jogar no lixo estratégias que certamente levariam a um resultado melhor lá na frente.
Momento PVC
Peço licença ao Paulo Vinícius Coelho, de quem sou telespectador, ouvinte, leitor e fã, para fazer um breve Verdadeiro ou Falso sobre Geninho e o Atlético.
Com Geninho no seu comando, o Atlético jamais perdeu um clássico local. Verdadeiro ou Falso?