
Foi preciso a água bater no nariz para a contusão de Dinelson vir à tona. Quem puxou o fio da meada, ainda na segunda-feira, foi a competente Nadja Mauad, na CBN. Deu no ar a informação e depois teve de engolir um falso desmentido do departamento médico tricolor. Já na terça, Thiago Araújo, do site desta Gazeta, deu mais musculatura à história, mostrou que não era invenção, mas sim informação.
A pressão cresceu e não houve outra saída a não ser revelar a verdade. Dinelson veio a público confirmar sua lesão e comunicar que havia pedido para ser operado. Fez-se o que deveria ter sido feito desde o início: jogou-se limpo.
Não vai faltar gente para dizer que o caso foi omitido para proteger o jogador. Balela. Ainda não inventaram proteção maior e mais eficiente que a verdade, a transparência. Era simples: na apresentação de Dinelson, bastava dizer que ele estava em recuperação, sentia dores no joelho esquerdo, faria um trabalho especial e não poderia ser usado em todos os jogos por causa disso. Dava até para fazer um contrato de produtividade. É responsável, dá ares de modernidade à administração.
Mas claro, esconder a situação de Dinelson era muito cômodo. Pior, fizeram uma campanha de marketing pela ressurreição do clube com o meia como garoto-propaganda – algo como vender um iPod que não consegue reproduzir mais do que três músicas seguidas.
Todos apostaram que o jogador iria melhorar naturalmente, fazer um grande campeonato. Depois, contariam a história com contornos de heroísmo.
A contratação de Dinelson foi conveniente para todos. Para a diretoria paranista por ser um poderoso analgésico para as dores que sua incompetência causa na alma paranista. Impossível encontrar um tricolor que não tenha se animado com a volta do baixinho.
Para Dinelson, sua história no Paraná seria o amortecedor perfeito para impacto que voltar a jogar bola causaria no seu corpo. Em um cenário ideal, ele contaria sempre com a compreensão da torcida de que entrar no time aos poucos era necessário. E contribuir, mesmo que em poucos minutos, lhe daria cada vez mais crédito.
Para a L.A., a vitrine perfeita para sua joia mais reluzente. O carinho da torcida e a tutela de Zetti reconduziriam suavemente Dinelson ao mercado de primeiro nível do futebol nacional.
Obviamente, tudo desmoronou. Dinelson ajudou efetivamente contra Vasco e Juventude. O time parou de somar pontos, o que mais uma vez expôs a inabilidade da diretoria em cuidar do próprio nariz. E a LA viu-se sob fogo cerrado, vítima de protestos (seu prodígio na linha de tiro) de setores da torcida.
A bomba, enfim, estourou. Dinelson vai para mesa de cirurgia, está fora do Paraná. E o clube ganhou mais um problema, como se não tivesse dificuldades o suficiente. Tudo por causa de uma mentirinha aparentemente inofensiva.
*****
Atendi, no meio da tarde de ontem, um telefonema de Orlando Almeida, procurador do Marcelinho Paraíba. Queria saber qual a origem da notícia de que o Hertha Berlim teria interesse na volta do meia. Acabou abrindo a boca e dizendo que faltou ética ao Coritiba por negociar a renovação direto com Marcelinho.
Para mim, a situação é cristalina. Os empresários temem que Marcelinho acerte sua renovação antes de a janela fechar. Marcelinho ainda tem muito mercado lá fora e uma ida para o Catar, por exemplo, seria muito lucrativa. Tanto para o jogador como para seus empresários, que receberiam polpuda comissão.
*****
Marquinhos Ribeiro, locutor da 98, perguntou-me no fim da minha participação de hoje se Alex Mineiro está jogando o suficiente para ser uma solução para o Atlético. Respondi que a bola dele no Grêmio desaconselha o investimento, mas fiz uma ressalva.
Tem jogadores que brilham mais intensamente ou só dão certo em determinado clube. Não há explicação científica, apenas uma magia, uma química. É o caso de Alex Mineiro e do Atlético. Os dois melhores momentos da carreira de Alex foram vestindo vermelho e preto. Em nenhum outro lugar ele brilhou tanto como na Baixada. Duas vezes. Isso justifica o interesse, faz valer a contratação.
Imagino o quanto a diretoria do Atlético está correndo para tê-lo já no Atletiba do dia 19. Será possível?