É digno de reclamação: os dois principais campeonatos de futebol do estado devem acabar com asterisco.

Apesar de cobrar taxas elevadas, onerar as partidas de futebol, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) não consegue nem mesmo organizar com precisão os campeonatos estaduais da primeira e segunda divisão.

Na elite regional, corre na pauta do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) o recurso do Paraná buscando o rebaixamento do Rio Branco. Alega que o time do Litoral usou de forma irregular um atleta. Sem entrar no mérito da questão, como o objeto da suspeita tricolor, assina súmula, entra em campo e a FPF não vê?

É isso ou litigância de má-fé dos paranistas. A FPF deveria ser testemunha de uma das partes para evitar o imbróglio.

Agora, na Segundona, outra bagunça com o olhar blindado da entidade que rege o futebol local.

O Foz utilizou atleta suspenso com terceiro amarelo. Foi punido. Mas tem um trunfo. Diz que o referido cumpriu pena em um confronto que teve WO. Então, qual o motivo desse jogo de um time só? A presença inoperante do São José. Quem autorizou a inscrição do combalido time da região metropolitana? A FPF.

Pior: o colegiado tem até duas semanas para julgar. Como a maioria dos jogadores dos clubes envolvidos com as semifinais tem contratos até este mês, o campeonato corre o risco de não acabar. Duvida? Nesta gestão, por exemplo, um campeonato juvenil já ficou sem campeão.

Difícil não implicar.

O desfecho da Divisão de Acesso é a cereja de um torneio que tem um regulamento capaz de levar um time entrar em campo sem o interesse da vitória. Foi isso que ocorreu com o Toledo na última rodada. Segurou um empate e torceu para o Londrina. Não queria vencer o segundo turno. Com essa combinação, diante do seu próprio tropeço, os toledanos voltavam ao grupo principal do estado.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Amilton Stival, o homem das tabelas e regulamento, alegou que todo mundo tem dez dias para contestar os atos públicos da Federação. Por essa lógica, a culpa da FPF é compartilhada a todos, inclusive você.

Hélio Cury, o mandatário da entidade, conseguiu prorrogar seu mandato até 2014. Motivo: estabilidade da instituição até o Mundial do Brasil. Os clubes, em assembleia, aprovaram essa aberração ao sistema democrático. Não era o que se esperava de uma era pós-Onaireves.

Com o dinheiro pago para entrar em campo, a FPF deveria reforçar a fiscalização e punir de ofício os infratores. Se fizesse isso, não haveria tanto tapetão. E o Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná é um caso à parte. Tema para outro artigo desabafo.