Quem é de Curitiba provavelmente já comeu uma carne de onça. Ou ao menos ouviu falar da iguaria servida nos bares da cidade. O que nem todo mundo sabe é que o prato que se tornou símbolo da capital paranaense tem sua gênese diretamente ligada ao futebol.

Quem não conhece não deve se assustar. A receita não tem entre seus ingredientes a carne do felino. É feita com carne bovina crua e temperada, cebola picada, cebolinha e pão de centeio. E teria sido preparada pela primeira vez nos anos 1940.

Na época, um dos principais times de Curitiba era o Britânia, agremiação que está nas raízes do Paraná Clube. E era um ex-jogador da equipe, Ronaldo Abrão, o Ligeirinho, quem contava como surgiu a carne de onça.

Segundo Ligeirinho, após as partidas, o time se reunia em um bar na Avenida Marechal Floriano Peixoto, entre a Rua XV de Novembro e a Praça Tiradentes, chamado Toca do Tatu. Nome que veio do apelido de seu proprietário, Cristiano Schmidt, que por acaso também era ex-jogador e então presidente do Britânia.

Quando o time ganhava, Tatu pegava carne moída crua, temperava com sal e azeite, colocava sobre fatias de broa, picava por cima cima cebola branca e cebolinha verde. E servia com chope gelado aos jogadores.

O icônico nome do prato teria surgido quando o goleiro Duia reclamou: “Poxa, Tatu! Você só serve essa carne aí, que nem onça come”. Ao que outro jogador teria respondido: “Claro que come. E por isso fica com aquele bafo de onça!”.

A partir daquele dia, todos começaram a pedir a famosa carne de onça, que entrou para o cardápio do bar e logo se espalhou por outros bares da cidade. Assim surgiu a tradição, que persiste mais de oito décadas depois. E que recentemente ganhou reconhecimento oficial como um prato típico curitibano. 

Em março deste ano, Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), concedeu à Carne de Onça de Curitiba o registro de Indicação Geográfica (IG), tornando-a um patrimônio cultural e um ativo turístico da capital paranaense.

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