O Santos é conhecido por revelar grandes nomes que se tornaram grandes estrelas do futebol brasileiro. Um dos responsáveis por comandar alguns dos craques quando eram crianças é Reginaldo Fino, hoje gerente de futebol do Cianorte, clube paranaense que disputa a Série D do Campeonato Brasileiro.

Fino foi o primeiro técnico de futebol de Neymar ainda na Portuguesa Santista. Ele ainda trabalhou nas categorias de base com a dupla Diego e Robinho, campeões brasileiros com o Santos em 2002, e os atacantes Diego Tardelli, campeão da Libertadores com São Paulo e Atlético-MG, e Léo Baptistão, com longa carreira na Espanha.

Reginaldo Fino com Neymar e Neymar pai. (Foto: Arquivo pessoal)

Mais de 20 anos depois de acompanhar os primeiros passos de Neymar no campo, o atual dirigente do Cianorte elogiou a decisão do camisa 10 em voltar para o Santos. “Ele fez certo de vir para o Santos e precisava jogar sem a pressão de outros clubes da Europa de estar voando logo. Infelizmente, ele precisa provar para todo mundo e todo dia que é diferente. A vinda dele foi para ajudar o Santos e, em contrapartida, o Santos deu uma tranquilidade para ir se recuperando e ganhando a forma física”, opinou.

Na segunda passagem pelo Alvinegro paulista, o atacante já disputou 16 partidas, com quatro gols e três assistências. O camisa 10 sofreu uma lesão muscular na coxa ainda no Campeonato Paulista e emendou quatro jogos completos pela primeira vez após a pausa para a Copa do Mundo de Clubes contra Flamengo, Mirassol, Internacional e Sport.

Neymar é alvo de cobranças da torcida do Santos

Logo após a derrota para o Internacional, no último dia 23, Neymar discutiu com um torcedor que estava nas arquibancadas da Vila Belmiro. O camisa 10 ficou batendo boca até a chegada do goleiro João Paulo. A discussão rendeu muitas críticas da torcida, mas também uma defesa do clube, que até registrou um boletim de ocorrência contra Alex Sander Silva.

Por conta da crise, Reginaldo Fino deixou um conselho para Neymar. “Como tenho carinho muito grande pelo Neymar, vi toda a construção da carreira dele e a evolução dele como atleta e pessoa, o conselho que posso dar para ele é focar realmente naquilo que ele quer: voltar para a seleção brasileira e, consequentemente, jogar a Copa do Mundo. É realmente focar e não perder muito tempo essas coisas extracampo”, comentou.

Os caras cobram demais, picham muito ele. Ele é muito paciente pelo tamanho da cobrança em cima. Neymar é um atleta que sempre está se doando, mas é um ser humano. Está há muito tempo lesionado e precisa de tempo para voltar em alto nível e o pessoal não tem esse tempo. Eu tenho certeza que ele tem capacidade de sobra para alcançar esses objetivos, se focar no que ele quer. Não é fácil estar na pele dele, porque ele é um cara que se espera muito dele, mas não é uma máquina.

Brasil só tem chance de ganhar a Copa com Neymar?

Neymar na seleção brasileira. (Foto: Divulgação/CBF)

Um dos principais objetivos de Neymar com a volta ao Santos é ter uma sequência em campo para disputar a Copa do Mundo do ano que vem. O atacante nunca escondeu o sonho de ganhar o hexa com a seleção brasileira.

Para Reginaldo Fino, o Brasil ainda é “dependente” do Neymar e dificilmente vai ganhar a Copa sem o atacante.

Não é fácil atingir o alto nível, não sei se vai conseguir a nível de comparação com os grandes nomes do futebol mundial, mas a nível de seleção brasileira, ele vai se recuperar bem e ajudar no título que a gente está querendo que é a Copa do Mundo. Sem o Neymar, é muito difícil para o Brasil trazer a Copa do Mundo. Infelizmente, o Brasil é dependente do futebol do Neymar.

Neymar tinha a expectativa de voltar para a seleção brasileira em junho, mas ficou de fora da primeira lista de Carlo Ancelotti por conta de lesão. O camisa 10 do Santos deve ser convocado pelo italiano para os jogos contra Chile, no Maracanã, e Bolívia, em El Alto, no início de setembro, pelas Eliminatórias.

O início da carreira de Neymar

Neymar começou no futsal com apenas seis anos e chegou ao futebol sob o comando de Fino ainda na Portuguesa Santista. O craque foi para o Santos após observação de Zito, ídolo do clube paulista e campeão do mundo com a seleção brasileira em 1958 e 1962.

“Não dava para a gente imaginar a grandeza e o tamanho que se tornou a carreira dele mundialmente. Eu acompanhei muito bem o início dele no Santos. Ele jogava na Portuguesa e o finado Zito e o Abel Verônico, que eram diretores do Santos, me perguntaram se tinha algum jogador. Eu respondi que tinham dois: o Serginho, que esteve há pouco tempo no Maringá e jogou no ano passado no Santos, e o Neymar. Quando viu o Neymar treinando, o Zito ficou encantado. O Santos tinha eliminado a categoria, mas montou o sub-11 e sub-13 só por causa do Neymar”, contou o ex-técnico.

O atacante sempre esteve à frente de seus companheiros nas categorias de base e quase teve a oportunidade de estrear no profissional com apenas 15 anos. No entanto, o técnico Vanderlei Luxemburgo optou em não colocá-lo. A estreia ocorreu em 2009, aos 17 anos.

“O Neymar é movido a desafios. Depois de pouco tempo que ele chegou no Santos, já começaram a colocar uma categoria acima. Sempre falavam que ele não ia dar conta, que era muito franzino para o sub-15, mas ele já era destaque do sub-15 quando tinha idade para o sub-13. Quando subiu para o profissional, teve um dado momento que o Luxemburgo falou que ‘não dá para colocar ele ainda, porque é filé de borboleta ainda’. Mas sempre deu resultado positivo”, destacou o dirigente do Cianorte.

Reginaldo Fino hoje é gerente do Cianorte. (Foto: Cianorte)

Assista à entrevista com Reginaldo Fino, ex-técnico de Neymar e atual gerente do Cianorte

Siga o UmDois Esportes