Revelado pelo Paraná Clube, o ex-zagueiro André Dias fez história com o São Paulo que foi tricampeão brasileiro entre 2006 e 2008. Apenas o Santos, de Pelé, conseguiu o feito na década de 1960, quando ganhou cinco vezes seguidas na época em que o Campeonato Brasileiro era chamado de Taça Brasil.
Um dos principais nomes do sistema defensivo, André Dias é considerado um ídolo pela torcida são-paulina, mas não tem o mesmo reconhecimento do clube. Em entrevista ao UmDois Esportes, o ex-jogador, hoje aos 46 anos, lamentou a falta de valorização do Tricolor Paulista.
“É óbvio que a torcida do São Paulo e o clube são fissurados pelo Mundial e Libertadores. É o auge para qualquer clube brasileiro e entendo que é super importante. Aqueles jogadores que ganharam o tricampeonato não serem valorizados e reconhecidos, é uma falta de consideração. Só que esteve lá sabe o quanto é difícil conquistar três títulos seguidos”, diz o ex-zagueiro.
Não foi fácil, teve vários jogos que ganhamos por um gol de diferença e sofrendo. Isso me traz um pouco de tristeza. A gente teve em 2007 a menos vazada no Campeonato Brasileiro e pensa que alguém fala alguma coisa? Ninguém fala nada. O que vejo o clube fazendo são os 10 anos do título mundial e da Libertadores, está super certo até para vender, mas nunca vi um evento para reunir os tricampeões brasileiros ou uma camisa. Parece que os três títulos que conquistamos é o Campeonato Paulista, com todo o respeito.
André Dias chegou ao São Paulo após rescisão com o Goiás
André Dias chegou ao São Paulo em 2006 após conseguir na Justiça a rescisão do contrato com o Goiás. A equipe goiana chegou a caçar a liminar, o que deixou o zagueiro afastado dos gramados por seis meses. Mesmo assim, o Tricolor paulista bancou a permanência do jogador no Morumbi.
“Começo como titular com o Fabão e o Lugano e começo a jogar o Paulistão. Após o Estadual, eu fiz alguns jogos na Libertadores e o Goiás caça a minha liminar. Eu fico sem jogar seis meses e o São Paulo ficou brigando com o Goiás na Justiça dizendo que não ia me liberar”, conta o ex-jogador.
“Mas isso me prejudicou porque vinha em uma crescente no clube. Espero os seis meses e volto no jogo contra o Figueirense, que nós ganhamos de 2 a 1 e marco o segundo gol”, complementa.

Ídolo do São Paulo, André Dias quase jogou no Corinthians
André Dias trocou o São Paulo pela Lazio, da Itália, em 2009 e teve uma passagem de sucesso pelo futebol italiano, com direito a título da Copa Itália na temporada 2012/2013. Quando encerrou o vínculo com o clube de Roma, o zagueiro retornou para o Brasil, mas não pensava em se aposentar.
“Quando eu volto da Itália, o meu contrato tinha terminado com a Lazio, mas não tinha esse pensamento de parar. Na minha cabeça, eu iria jogar mais uns dois ou três anos”, relembra.
“Eu me reestabeleço em Curitiba, onde tinha casa para as férias. Após isso, eu tive duas propostas na Itália, da Sampdoria e do Sassuolo. Eu não quis e a minha esposa também não quis, porque teríamos que mudar de cidade depois de passarmos cinco anos em Roma”, disse o ex-atleta.

No período em que procurava um novo clube, André Dias recebeu uma proposta do Corinthians. “Depois de seis, sete meses em Curitiba, o Corinthians me liga através do Edu Gaspar, que era o diretor, e o Mano Menezes, o treinador”, revela.
“Só que eu tenho um problema no joelho, já estava há sete meses parado e precisava de um tempo para retomar a parte física. Eu pedi dois meses e meio para entrar em forma para atuar em alto nível, mas o Edu me disse que precisava de mim para duas semanas e meia. Agradeci o convite e joguei aberto com eles. Não aceitei por essas questões”, prossegue.
Além disso, o zagueiro teve um convite para jogar no Operário, clube que hoje disputa a Série B.
“Logo que eu parei de jogar, eu também tive uma proposta para o Operário. Eu encontrei o diretor na praia, ele me fez o convite, mas eu tinha acabado de parar e estava em férias. Não tinha o pensamento de parar na época e o meu empresário era o Gilmar Rinaldi, que estava fazendo transação de empresário para diretor da CBF, o que atrapalhou um pouco. Ele não estava atuando e também fui deixando as coisas passarem”, relatou.
“Estrutura precária”: André Dias teve passagem frustrante pelo Flamengo
Antes do sucesso no São Paulo, ainda no começo da carreira, André Dias teve uma passagem por outro clube brasileiro: o Flamengo. O Rubro-Negro carioca hoje é conhecido por ser uma das maiores potências do Brasil e com estrutura de primeiro nível, mas a história era diferente no início dos anos 2000.
André Dias acertou com o Flamengo em 2002 após sair do Paraná Clube por conta dos salários atrasados, mas teve problemas salariais também no clube carioca. Além disso, o Rubro-Negro tinha problemas de estrutura e até de elenco rachado.
Nós treinávamos na Gávea, o vestiário era totalmente precário. Toda a estrutura do Flamengo era precária na época. O Flamengo devia muita grana, tinha muitas ações trabalhistas e atrasava salário, mas tinha muito glamour. Os próprios cariocas que jogavam no Flamengo tinham o pensamento que nunca mais iam ficar desempregado depois de jogar no Flamengo. Mas isso é uma besteira.
“Era um elenco totalmente rachado. O pessoal que vinha subia para o profissional era totalmente fechado e tinha uns três ou quatro jogadores que mandavam no clube. Eu joguei muito pouco, tinha contrato de um ano e joguei no máximo 20 jogos, em um clube como o Flamengo que disputava todas as competições. O que valeu foi a experiência e aprendizagem, mas só tenho lembranças ruins do ambiente”, finalizou o ex-zagueiro.