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Finanças

Coritiba põe receita de sócios como garantia para empréstimo de dirigente; clube defende estratégia

Por
Fernando Rudnick
18/05/2021 22:26 - Atualizado: 29/09/2023 18:44
Coritiba põe receita de sócios para conseguir empréstimo de dirigente
Coritiba põe receita de sócios para conseguir empréstimo de dirigente | Foto: Marco Lima/Arquivo Gazeta do Povo

O Coritiba deu receitas de seu programa de sócio-torcedor como garantia para fazer um empréstimo de R$ 2 milhões no último dia 8 de abril. O dinheiro veio da empresa M4 Holding de Participações S.A, que pertence a Juarez Moraes e Silva, primeiro vice-presidente do Coxa.

O UmDois Esportes teve acesso ao contrato (veja o contrato no fim da matéria), que prevê o pagamento do valor em 24 vezes, até 9 de abril de 2023. As parcelas são de R$ 94.146,94, já incluindo juros de 1% ao mês sobre o saldo devedor.

Essa é a taxa mínima estipulada no acordo, contando que o rendimento do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) não ultrapasse 5% ao ano. Os juros do empréstimo sobem para 1,5% ao mês caso a taxa seja superior.

Ou seja, o Coritiba pagaria ao menos R$ 259.526,56 em juros pela operação. A primeira parcela vence no próximo dia 25 de maio. Na última temporada, de acordo com o balanço patrimonial, o Coritiba arrecadou R$ 10,3 milhões com sócios.

Junto com o contrato, assinado pelo presidente Renato Follador e pelo vice Osíris Klamas, também há menção de uma autorização a ser utilizada em caso de inadimplemento. Se o clube não honrar duas parcelas, consecutivas ou não, a empresa Nexxpago, que processa os pagamentos dos associados alviverdes, fará o repasse diretamente à Juarez.

A sexta cláusula do documento ressalta que “eventual tolerância do mutuante pelo não cumprimento de obrigações contratuais por parte do mutuário será considerada como mera liberdade, não importando em novação, perdão ou alteração dos termos contratuais”.

Atitude contrária ao discurso

Esse não foi o primeiro empréstimo que o grupo liderado por Follador tomou desde que assumiu. Em janeiro, o próprio Juarez e outro vice, além de dois empresários coxas-brancas, emprestaram R$ 1 milhão cada. Joel Malucelli, fundador da J.Malucelli, confirmou que fez um dos aportes.

A quantia foi quitada na íntegra menos de dois meses depois, em março, com dinheiro proveniente da cota de TV fechada pendente da Warnermedia (antiga Turner). Como o dinheiro foi pago no prazo estipulado, não houve incidência de juros.

A atitude, contudo, é contrária ao posicionamento da chapa Coritiba Ideal durante as eleições. Em diversas entrevistas, Follador afirmou que colocar dinheiro no clube seria exemplo de incompetência.

“A contrariedade em relação ao discurso eu diria que sim [existe]”, admite Juarez Moraes e Silva.

“Mas aí ficamos em um impasse entre não pagar a folha salarial e impostos ou deixar de fazer essa operação ponte. O objetivo continua sendo o mesmo, mas se tiver que salvar o clube de uma situação crítica, prefiro ter de explicar a necessidade emergencial, como estou explicando, do que deixar o Coritiba atrasar compromissos ou colocar em risco a própria instituição”, afirma.

Modelo para fundo de investimentos no Coritiba

De acordo com o dirigente, é o embrião de um fundo de investimentos que o Coxa tem estruturado e espera lançar nos próximos meses. Ele criticou o vazamento do documento interno, mas confirmou a veracidade da operação.

Contudo, Juarez ressalta que existe um acordo para que os juros disparem apenas a partir de setembro. Ou seja, caso o clube quite a dívida total até lá, não haverá cobrança da taxa.

“Queremos buscar mais investidores. Se a gente dissesse [no contrato] que não teria juros, talvez os outros não fariam [o investimento] porque não têm a mesma confiança que tenho no projeto”, diz, enquanto garante que tudo está formalizado em um aditivo contratual.

“Eu jamais tive intenção de ganhar juros em cima do Coritiba, mesmo que fosse um juro de metade do mercado. Qualquer um com R$ 2 milhões aplica e ganha mais do que isso”.

O vice coxa-branca também destacou que o cenário de emergência tem relação com a “herança maldita” deixada pela gestão passada. Segundo ele, seu grupo encontrou um rombo de R$ 20 milhões para o primeiro semestre de 2021, com salários e impostos a pagar, além de um fluxo de caixa descompassado.

O clube até sondou bancos e financeiras, mas as taxas estavam fora da realidade. “Não vamos pagar juros 4% ao mês como fizeram no passado quando temos essa alternativa. É algo temporário, mas necessário para manter o Coritiba com salários em dia e competitivo. Com salários atrasados mais difícil a motivação dos jogadores. E se não subirmos para a Série A, a situação vai ficar muito temerária. Temos que subir de um jeito ou outro”.

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