Ex-presidente do Coritiba detalha projetos de reforma do Couto e cita "vantagem" do Athletico

Ainda sem um projeto oficial divulgado, a reforma do estádio do Coritiba gera expectativa na torcida coxa-branca, principalmente, em relação à capacidade de público do Couto Pereira.
Veja também:
+ Ex-presidente que vendeu a SAF compara Coritiba a Opala
Atualmente, a diminuição do tamanho está descartada pela Treecorp Investimentos e a OutField, de acordo com o CEO Lucas de Paula. Porém, em entrevista ao podcast Podpovão, o ex-presidente Glenn Stenger falou que os primeiros projetos de reforma do estádio chegaram a levar um público mínimo de 30 mil pessoas em consideração.
"Quando se fizeram todos os estudos, houve capacidade de 30 mil, 34 mil, 38 mil, de acordo com o número de camarotes, com mais espaço para uma geral ou coisa parecida. Então teve uma série de situações e inclusões ali que trafegaram entre 30 e 38 mil", afirmou o ex-dirigente.
Ainda assim, ele explica que a capacidade de 30 mil não foi um pedido para o projeto final. No fim de 2023, o UmDois Esportes publicou imagens de um projeto de reforma do Couto que reduziria a capacidade para gerar "efeito escassez".
"Não foi pedido para ninguém fazer um estádio com 30 mil, de maneira alguma. O que foi mostrado é que, no mínimo, você teria que ter um estádio para 30 mil e que se levasse a capacidade à máxima possível para aquela área permitida. Isso sempre foi falado", completou.
Ex-presidente do Coritiba diz que clube não terá "vantagens" do Athletico

A reforma do Couto Pereira e a construção do novo CT são de responsabilidade da SAF do Coritiba. A Treecorp tem o compromisso de investir R$ 500 milhões no estádio e R$ 100 milhões no novo centro de treinamentos, os dois valores reajustados anualmente pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Segundo Stenger, o Coritiba deve ter uma dificuldade no projeto por conta da área disponível para a construção. O ex-dirigente citou o Athletico, dizendo que o clube não terá as "benesses" que o Furacão teve na construção da Ligga Arena.
"Foram dezenas de reuniões para tentar viabilizar o novo estádio. Nós temos um problema grande ali no Alto da Glória. Nós não teremos as benesses que o pessoal de baixo [o Athletico] teve, principalmente, no tocante ao percentual de utilização de área. Isso é bastante delicado. Nossa área não é tão grande para execução do mega estádio", cutucou.
Stenger explicou que adequar o projeto à legislação é um desafio no projeto e acaba limitando transformações para o novo estádio no Alto da Glória. Ele afirmou que o setor Pro Tork, por exemplo, deve ser mantido.
"Para adequarmos àquilo que se tem na legislação, você tem que ter algumas condições mínimas inclusas nessa área e que deêm conforto e acessibilidade para todos. Por exemplo, dificilmente em algum projeto a área da ProTork será demolida, pelo menos por fora",
"Por quê? Dificilmente você conseguiria hoje, na nova normatização, um avanço como se tem naquele setor. Nós temos o alvará de lá, então problema zero. Mas uma nova [Pro Tork], se demolíssemos, talvez não tivéssemos sucesso [no pedido de liberação]", completou.
Novo Couto e CT não seriam possíveis sem SAF, diz Stenger

O ex-presidente, que fez parte da gestão responsável por dar entrada na Recuperação Judicial, afirmou que mesmo com o processo, não seria possível investir em uma reforma do Couto Pereira ou no novo CT, em Campina Grande do Sul, sem o investimento da SAF.
"A recuperação judicial trouxe uma, não diria uma segurança, mas uma estabilidade que o clube não tinha há décadas. E fez com que o clube tivesse a possibilidade de honrar todos os compromissos de uma forma que estivesse dentro do seu fluxo de caixa", disse.
"Contudo, em momento algum a gente conseguiria investir. A gente conseguiria manter, honrar os compromissos. Nós conseguiríamos investir no novo CT? Nunca. Sem uma nova fonte de recurso em um novo negócio, sem um novo modelo, nós não conseguiríamos ter um novo CT", emendou.
Para os trabalhos no terreno de 461 mil metros quadrados, que vai abrigar o novo CT, o clube ainda aguarda as licenças ambientais do Instituto Água e Terra (IAT). Em abril, o CEO Lucas de Paula deu detalhes sobre as duas reformas.
"A recuperação judicial daria para a gente continuar pagando e vivendo a mesma coisa sempre. Agora, se nós quiséssemos investir, ter alguma coisa diferente, pensar num futuro como a gente sempre quis pensar no Curitiba, diferente no futuro, nós teríamos que ter outro viés"afirmou Stenger.
"O Couto Pereira está bastante velho. Quem efetivamente está lá dentro, sabe de toda a manutenção necessária, de tudo que é necessário fazer mês a mês, dia a dia no Couto. E é enxugar gelo. Isso tudo custa muito".