Jogadores campeões brasileiros com o Coritiba em 1985 revelam tristeza, indignação e criticam a possibilidade de uma nova versão do escudo do clube sem a estrela do título nacional conquistado contra o Bangu, no Maracanã.
A diretoria do
Coxa apresentou uma proposta de novo escudo no dia 31 de janeiro, em encontro no
Conselho Deliberativo com a presença de membros da torcida organizada e
influenciadores digitais.
A mudança já foi aprovada pelos conselheiros. Dia 28 de fevereiro haverá uma assembleia geral para que os associados aprovem ou não o novo escudo.
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+ Confira a tabela do Coritiba no Campeonato Paranaense
Sob o argumento da
modernização, uma das alterações mais significativas é, justamente, a retirada
da estrela de 85, símbolo do único título nacional da história alviverde.
“É triste. Já nos tiraram de tudo, do mural, do clube, agora só faltava a estrela. Um time que tem história não faz isso com os seus atletas”, desabafa o ex-goleiro, Rafael Cammarota.

“Em termos de torcida, sempre nos exaltaram. E nos elogiam até hoje. Mas em termos de diretoria, infelizmente não é assim. Mas vão ter que nos aturar por muito tempo ainda. E não venham com homenagem depois que formos embora deste mundo”, reforça.
O sentimento de Cammarota é compartilhado pelo ex-lateral André, para quem a mudança de escudo simboliza desrespeito com os atletas campeões brasileiros pelo Coxa.
“Retirar a estrela da camisa do Coritiba é uma decisão de uma diretoria que não tem o mínimo de noção, para dizer a verdade, da grandeza que é ser campeão do Brasil”, argumenta.

André afirma que
a estrela no escudo serve de estímulo para atletas que chegam ao clube e
representa o planejamento e superação de um grupo de atletas e dirigentes que
levou o Coxa ao topo do país.
“Toda vez que
você olhar a estrela saberá que existiram heróis no maior estádio do mundo, que
lutaram bravamente para que o Coritiba se tornasse vitorioso. Olhar para ela é
voltar no tempo e ver que o Coritiba é grande. Retirá-la é uma decisão
equivocada e infantil”, dispara.
O ex-zagueiro Vavá se une aos ex-companheiros. “Eu sou totalmente contrário à retirada da estrela. Foi uma conquista feita pelo Coritiba em uma época em que ninguém dava moral para o futebol paranaense”, diz.
Novo escudo do Coritiba: emoção e confiança no voto da torcida
Outra peça do elenco campeão nacional, o ex-lateral Hélcio chega a se emocionar ao falar da possibilidade de retirada da estrela do escudo.
“Eu só lamento,
porque essa diretoria até agora não fez nada que a gente tenha visto, a não ser
lutar contra o rebaixamento a cada ano. Até hoje não temos uma equipe eficiente”,
critica.

“O título de 85
foi suado, trabalhoso, foram pessoas guerreiras e algumas sequer estão aqui
mais conosco. Quem não tem história não pode querer contar a história de outras
pessoas. Lamento muito essa diretoria, por isso que não tem nenhum jogador de
85 na base do clube”, ressalta.
Hélcio confia, no entanto, que a torcida dará a resposta na Assembleia Geral. “A resposta vem com a torcida, que vai responder melhor que eu. Desculpa estar emocionado, é uma notícia terrível para quem conquistou e lutou pelo Coxa”, reforça.
Por fim, o ex-ponta Edson e o ex-meia Elizeu reconhecem a necessidade que os clubes têm de se modernizar no futebol contemporâneo. Mas, assim como os demais companheiros de 85, discordam do caminho escolhido pela diretoria no novo escudo apresentado.
“Querer trocar o escudo, como já foi feito outras vezes, não vejo problema nenhum. Sobre a estrela, é um orgulho muito grande para mim e para minha família, mas ela é para o torcedor. Quando eu os encontro na rua, eles sempre falam que aquela estrelinha fomos nós”, relata.
“Não sou contra
a modernidade. Tudo tem que ter evolução. Mas tem que ser bem debatido. O Coritiba
tem que trabalhar muito. Antes de estrela, de troca de escudo, tem que fazer um
bom time, para disputar títulos. O vizinho, Athletico, também trocou o escudo,
mas está disputando final de Libertadores, venceu Sul-Americana”, compara.
Elizeu vai na linha de Edson. “Acompanhar a modernidade, o que está acontecendo, em nível nacional e internacional, a gente entende”, argumenta. “Mas este é o maior título que o Coritiba conquistou, não pode ser relegado a segundo, terceiro plano. Tem que ser valorizado. O futebol hoje é diferente, mas repito: sou contrário à retirada da estrela do escudo”, completa.