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Jogos Olímpicos de Inverno

Nicole Silveira pode fazer história pelo Brasil em Pequim

Por
Marcio Antonio Campos
05/01/2022 19:27 - Atualizado: 04/10/2023 17:05
Nicole Silveira é enfermeira, pratica o skeleton há quatro anos e tem demonstrado evolução notável.
Nicole Silveira é enfermeira, pratica o skeleton há quatro anos e tem demonstrado evolução notável. | Foto: CBDG/Instagram

Os Jogos Olímpicos de Inverno de Turim, em 2006, foram especiais para mim e para o Brasil. Para mim, porque finalmente realizei o sonho de ser voluntário, depois de uma tentativa frustrada em 2000; para o Brasil, porque o país conseguiu, pela primeira vez na história, colocar um atleta entre os dez melhores em um esporte de inverno: Isabel Clark foi a nona colocada no snowboard cross, na estreia olímpica dessa competição, que acabou mais famosa pela gracinha que a Lindsey Jacobellis resolveu fazer na final e que lhe custou o ouro.

Depois de Turim, conseguimos alguns outros feitos históricos, como a participação de Isadora Williams no programa livre (o equivalente a uma “final”) da patinação artística feminina em PyeongChang-2018, mas o top 10 jamais foi repetido. Essa escrita pode mudar em Pequim-2022. E, se você não é assim tão ligado em esportes de inverno, mas gosta de ver o Brasil se destacando em Jogos Olímpicos, anote esse nome: Nicole Silveira. Essa enfermeira que vive no Canadá tem conquistado vitórias em competições internacionais de skeleton, um dos esportes de gelo mais radicais, em que o atleta desce pela pista deitado de bruços, com a cabeça para a frente (ao contrário do luge, em que o competidor fica de costas, com as pernas para a frente).

Dois meses atrás, no site Olimpíada Todo Dia, Gustavo Longo explicou direitinho como Nicole chegou aonde chegou, seus pontos fortes (surpreende, por exemplo, a rapidez com que ela melhorou seu desempenho em apenas quatro anos praticando o skeleton) e os motivos pelos quais é preciso segurar um pouco o entusiasmo. Quando ele escreveu, Nicole havia acabado de dar show na Copa Intercontinental de skeleton, na pista de Whistler, aquela com a qual ela está mais acostumada. Depois disso, ela já disputou outras competições em pistas diferentes, contra atletas de ponta, na Copa do Mundo. Nas quatro etapas de dezembro, ficou em 14.º, 16.º, 9.º e 24.º lugar. Depois de amanhã ela compete em mais uma etapa na Alemanha e fecha a participação na Suíça, dia 14. Na soma dos resultados, ela ocupa a 20.ª posição, mas é preciso lembrar que ela não disputou as duas primeiras etapas da Copa do Mundo e não somou pontos.

Dá para sonhar com um top 8, batendo a melhor marca brasileira em Jogos Olímpicos de Inverno? Se Nicole estiver em um dia bom, não é impossível, embora também não seja certeza absoluta. Para acompanhar Nicole em Pequim, anote na agenda: as duas primeiras descidas ocorrem na noite de 10 de fevereiro, horário do Brasil (manhã do dia 11 na China); as duas descidas finais estão marcadas para a manhã de 12 de fevereiro, horário do Brasil (noite do dia 12 na China).

Nicole Silveira em prova da Copa do Mundo de skeleton. Foto: CBDG/Facebook
Nicole Silveira em prova da Copa do Mundo de skeleton. Foto: CBDG/Facebook

O judô muda as regras – de novo

Em 2005, João Derly se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial de judô, feito que repetiria em 2007. Uma de suas armas favoritas era a catada de perna, que acabou proibida pela Federação Internacional de Judô em 2009; um ano depois, a IJF apelou mais ainda e judoca que pegasse a perna do adversário para aplicar um golpe seria desclassificado sumariamente, sem advertência prévia – lembram da Rafaela Silva em Londres? Pois a IJF acaba de banir mais um golpe, o seoi nage invertido, chamado também de seoi nage coreano.

E já começaram as reclamações, como as da própria Rafaela
Silva:

Por enquanto, quem realizar o seoi nage invertido receberá um
shido (aquela advertência que elimina o atleta quando recebida pela terceira
vez); em outra mudança, se o judoca mergulhar de cabeça no chão para realizar a
projeção, será automaticamente desclassificado. Além disso, haverá punições
para quem se defender de um golpe apoiando as duas mãos, os dois cotovelos ou
uma mão e um cotovelo no chão (shido e marcação de waza-ari para o oponente), e
shido para quem ajeitar o judogi ou o cabelo pela segunda vez (!). Neste último
caso, considero uma punição totalmente desproporcional ao “crime”, até porque a
coisa mais comum durante a luta é judogi e cabelo saindo do lugar. Daqui a
pouco vamos ter judoca raspando a cabeça e usando body painting de
judogi para evitar levar punição...

O argumento é sempre o de deixar o judô mais bonito e seguro, mas as reclamações dos atletas indicam que há algo aí que mereça consideração. É verdade que há técnicas mais arriscadas, mas mesmo os golpes mais “tranquilos” podem terminar mal se não forem bem aplicados. Uma solução intermediária seria proibir certos golpes nas categorias de base, reservando-os para os adultos. Como já faz mais de 20 anos desde a última vez que apliquei ou levei um seoi nage, deixo a avaliação para quem entende. Mas outras mudanças são mais nonsense, como essa do “shido por arrumação”. A IJF já deu algumas pisadas de bola em mudanças recentes, como a eliminação do yuko. A expectativa era fazer os judocas tentarem sempre o golpe mais perfeito possível, não se contentando com jogar o adversário de qualquer jeito; a realidade foi o aumento da subjetividade, com árbitro passando a dar waza-ari para golpes que até então não valeriam mais que um yuko. As mudanças recentes valem para este ciclo olímpico e já serão aplicadas na primeira competição de 2022, o Grand Prix de Odivelas, em Portugal; mas, se elas se mostrarem um erro, que a IJF não espere até depois de Paris para consertar a besteira.

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