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Papo Olímpico
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Contagem regressiva

Paris-2024 divulga slogan e pode rever regras para cerimônia de abertura

Por
Marcio Antonio Campos
27/07/2022 23:58 - Atualizado: 04/10/2023 20:10
Concepção artística para o desfile das delegações na abertura de Paris-2024.
Concepção artística para o desfile das delegações na abertura de Paris-2024. | Foto: Paris 2024

Esta semana é emblemática para a contagem regressiva para Paris-2024, com a marca de exatos dois anos até a cerimônia de abertura, em 26 de julho – que por si só já deve ser marcante, pois ocorrerá não em um estádio, mas “às margens do Sena”, como no saudoso bordão com que o jornalista Reali Júnior iniciava suas entradas na rádio Jovem Pan muitos anos atrás. O comitê organizador divulgou na segunda-feira o lema dos jogos: Ouvrons grand les Jeux, que em português está sendo traduzido como “vamos abrir os Jogos para todos”, em referência a uma série de características dessa edição olímpica, como a igualdade completa em termos de gênero, com o mesmo número de atletas nas competições masculinas e femininas.

Mas pelo menos um aspecto dessa abertura já está indo por água abaixo. Para a cerimônia inicial, há a ideia de deixar o acesso às margens do Sena aberto para todos, sem cobrança de ingresso, que só seria exigido para algumas áreas com visão mais privilegiada. No entanto, a perspectiva de ter até 600 mil pessoas aglomeradas para ver a cerimônia e o desfile dos atletas está deixando as forças de segurança preocupadas, especialmente depois dos problemas observados na final da Champions League, ocorrida em maio, quando torcedores tiveram problemas de acesso ao Stade de France (as autoridades francesas alegaram que muitos ingleses tentaram entrar com ingressos falsos e foram barrados, atrapalhando os demais). Há a preocupação com a falta de policiais suficientes para cuidar de toda a área, e o medo de possíveis ataques terroristas. Por isso, a polícia vem pressionando para que apenas pessoas com ingressos possam ficar à beira do rio.

Falando em ingressos, foram divulgadas também informações sobre os preços dos bilhetes para assistir às competições. Haverá 1 milhão de ingressos a 24 euros, o preço mais baixo; segundo a organização, metade dos bilhetes custará menos de 50 euros, e um terço dos ingressos para eventos que valem medalhas será vendido a menos de 100 euros. Os ingressos mais caros para eventos esportivos (ou seja, excluindo as cerimônias de abertura e encerramento) sairão por 950 euros. Claro, para nós, brasileiros, qualquer aventura olímpica custará uma pequena fortuna graças ao câmbio, a não ser que ocorra algum milagre nos próximos dois anos; mas, para os padrões europeus, dá para dizer que os valores estão acessíveis. Mais para o fim do ano a organização lançará a plataforma para os interessados se registrarem. A primeira fase de vendas ocorrerá por sorteio, e depois virão as fases do “quem chegar primeiro leva”.

E, por fim, tivemos a divulgação do calendário de competições. Antes da cerimônia de abertura, já teremos partidas de futebol (como vem ocorrendo já há um bom tempo) e rugby sevens masculino. No primeiro dia oficial de competições, 27 de julho, teremos medalhas na esgrima, ciclismo, judô, natação, tiro esportivo, rugby e skate. Já o evento esportivo final dos Jogos será a decisão do basquete feminino, algumas horas antes da cerimônia de encerramento, em 11 de agosto. Esta é uma escolha que varia bastante em cada edição: em Tóquio, a última partida a ser disputada foi a final do polo aquático masculino; no Rio, foi a final do basquete masculino; em Londres, foi o pentatlo moderno feminino (com a nossa Yane Marques levando o bronze); em Pequim, foi a final do handebol masculino.

Brasil no Mundial de Atletismo: melhor do que eu esperava

Alison dos Santos venceu a final dos 400 metros com barreiras do Campeonato Mundial de Atletismo, em Eugene (EUA). Foto: Alberto Estevez/EFE
Alison dos Santos venceu a final dos 400 metros com barreiras do Campeonato Mundial de Atletismo, em Eugene (EUA). Foto: Alberto Estevez/EFE

Não é pessimismo, mas eu realmente não imaginava que o Brasil fosse sair de Eugene com algum ouro. Alison dos Santos está em grande fase, mas eu acreditava que o norueguês Karsten Warholm, campeão olímpico e recordista mundial, estaria de volta com tudo após se recuperar de uma lesão. Mas aí aconteceu o que todos vimos e o Piu se tornou campeão mundial de forma absolutamente dominante.

Quanto a Thiago Braz, tinha chance de medalha, mas certamente não de ouro; só mesmo se o fenomenal, o extraterrestre Armand Duplantis pegasse Covid ou tivesse um piriri no dia da final. Nosso campeão de 2016 acabou em quarto lugar, mas ainda à frente do Renaud Lavillenie, o que pra muitos já vale como uma medalha – só falta 2024 para o francês pedir música no Fantástico, perdendo finais olímpicas para o brasileiro com torcida contra, sem torcida e com torcida a favor.

A medalha de Letícia Oro no salto em distância foi uma surpresa completa, comparável talvez ao bronze de Luisa Stefani e Laura Pigossi no tênis em Tóquio

Thiago, aliás, só ficou sem medalha porque o filipino John Obiena saltou 5,94 metros, uma altura que ele jamais havia superado. E, se nós ficamos nos perguntando de onde tinha aparecido o filipino, os norte-americanos certamente também se perguntaram de onde tinha aparecido a brasileira Letícia Oro Melo, que fez inéditos 6,89 metros na final do salto em distância (sua melhor marca até então era 6,64m, na eliminatória), ficou com o bronze e tirou do pódio a americana Quanesha Burks. A medalha de Letícia foi uma surpresa completa, comparável talvez ao bronze de Luisa Stefani e Laura Pigossi no tênis em Tóquio.

Só lamento muito pelo Darlan Romani. É uma dureza ser contemporâneo de dois monstros como Joe Kovacs e Ryan Crouser – este último até perdeu para o nosso Sr. Incrível no mundial indoor, em março, quando o brasileiro levou o ouro, mas isso é exceção e não regra. A melhor marca de Darlan na carreira, 22,61m, teria sido bronze em Eugene, mas tem dia em que o jogo não encaixa.

No fim das contas, um ouro e um bronze, 19.º lugar num quadro de medalhas dominado pelos EUA (o segundo lugar, a Etiópia, teve quatro ouros; depois disso, apenas cinco países com dois ouros). Mas também tivemos um quarto lugar, um quinto, um sexto, três sétimos e dois oitavos, e por esse critério da World Athletics subiríamos para 13.º. Absolutamente nada a reclamar; talvez apenas alguma esperança de que os nossos revezamentos 4x100 voltem a disputar medalhas como no passado.

Até quando vamos seguir abraçados com Renan?

Uma seleção feminina ainda em processo de renovação consegue uma prata olímpica e um segundo lugar na Liga das Nações de 2022; uma seleção masculina que no papel está entre as melhores do mundo dá vexame em Tóquio (sim, falo daquele 20-12 e da derrota para a Argentina no jogo do bronze) e não passa nem das quartas na Liga das Nações. Qual a diferença? Num banco tem Zé Roberto Guimarães; no outro, Renal Dal Zotto. Confesso, o Renan me iludiu naquela final de Liga Mundial em Curitiba, em 2017, quando levou o time à prata na primeira grande competição depois de assumir no lugar do Bernardinho, e dando trabalho pro timaço da França na final. Mas agora já está claro que, enquanto continuarmos abraçados com ele, o time não vai tão longe quanto poderia.

Nostalgia

Dez anos atrás, em 27 de julho de 2012, Londres oferecia uma das minhas cerimônias de abertura favoritas. Foi mais “artesanal”, sem aquele uso absurdo de projeções gigantescas que tinha acontecido em Vancouver-2010, por exemplo; aproveitou muito bem os ícones culturais britânicos, caprichou no humor mundialmente famoso e teve a melhor entrada de chefe de Estado de toda a história olímpica. Como é conteúdo de propriedade do COI, não há como colocar o vídeo aqui na coluna, mas você pode ver (ou rever) diretamente no YouTube.

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