Com o Coritiba atravessando delicada situação na Série A, o head coach René Simões apelou para solução tão arrojada quanto o nome do cargo que ocupa: convidou as principais torcidas organizadas do clube para uma reunião a portas fechadas no Couto Pereira.
Não se trata de deja vu ou anedota da cartolagem dos
anos 90 — a assembleia entre gestor e torcedores de arquibancada é atual: aconteceu
no final de tarde de uma terça-feira do século 21, a convite do próprio René, no
estádio coxa-branca.
Com lugar marcado na história do futebol nacional e do próprio Coxa, o respeitado René, evidentemente, não pode ser criticado sozinho. Mas o encontro simboliza a falta de rumo do Coritiba a esta altura da temporada. A impressão é de atordoamento do G5 na gestão do futebol.
Transfer ban, ações na Justiça, falência, SAF, credores, cartas de crédito, estrangulamento financeiro, ameaça da ZR, Morínigo pressionado. Os desafios são imensos.
A equipe liderada por Juarez Moraes e Silva assumiu um passivo gerado por décadas de miopia e má gestão no Alto da Glória. Uma bola de neve. E busca, inegavelmente, soluções – o projeto de SAF é a principal delas.
Mas a elite nacional expôs um elenco mal avaliado durante o Estadual. A punição da Fifa apenas ressaltou as carências do time e os erros de planejamento.
Não custa lembrar que, em passado não distante, foram algumas as coletivas do atual G5 falando do sucesso de campanhas passadas. Quase faltava lugar na mesa. A cartolagem comparecia em peso.
Agora, temas de interesse geral dos sócios coxas-brancas são tratados com exclusividade para alguns poucos eleitos, justamente os representantes de organizações que estão no foco do poder público após uma série de episódios de violência país afora.
Bastidores à parte, ainda há tempo de recuperação na Série A. É possível mudar a rota. Mas, para além das promessas de uma modernização na gestão, é preciso também uma modernização das ações no Alto da Glória.