Análise

Paraná consegue ficar “parecido” com o Flamengo; e o desejo de clubes de controlar a imprensa

Na terça-feira da semana passada, os presidentes de Vasco e Flamengo foram a Brasília encontrar Jair Bolsonaro. Ambos são defensores da volta do futebol, mesmo com a COVID-19 ceifando até a publicação deste texto 26 mil vidas no país, sem contar, evidentemente, as subnotificações.

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Este colunista conseguiu entrevistar o mandatário vascaíno, Alexandre Campello, no dia seguinte. Já o maior entusiasta da ideia entre os dirigentes, Rodolfo Landim, que preside o rubro-negro carioca, segue sem falar com a maioria da imprensa que cobre o clube e o esporte.

Na segunda-feira passada, ele concedeu a segunda entrevista em 59 dias ao programa Fox Sports Rádio, do canal Fox Sports. Mas não dá coletiva pelo menos desde o incêndio no Centro de Treinamento, há 475 dias, que matou dez meninos das divisões base do Flamengo.

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Há torcedores que apoiam esse tipo de postura. Como se cartolas não devessem explicações aos que seguem e amam aquele time. Não compreendem que a imprensa nada mais é a interlocutora entre eles e os dirigentes que decidem pelos seus próprios clubes.

Essa atitude seletiva, o silêncio que impede, bloqueia o contraditório, parece buscar ao distanciamento das perguntas menos convenientes. Para eles. E que podem ser as mais relevantes. Para quem tem reais questionamentos a serem feitos, quer satisfações, ou seja, parte da torcida.

Nesta semana o Paraná fez live com técnico Allan Aal apenas para “jornalistas convidados”, mas deixou de fora dois dos principais veículos locais, esta Gazeta do Povo e a Tribuna do Paraná. O que explica esse tipo de de “seleção” em uma coletiva realizada em videoconferência?

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“Depois dos jogos, vocês vão ser o nosso elo de ligação com o torcedor”, declarou o técnico do Paraná no encontro virtual, falando sobre as futuras partidas sem público e, curiosamente, destacando o papel da imprensa. Veja o trecho no vídeo abaixo:

https://youtube.com/watch?v=2KUkcL3u3eg%3Fstart%3D1179%26feature%3Doembed

Será que a direção paranista considera a Gazeta e a Tribuna demasiadamente críticas? Há um claro desejo de controle da informação em muitos setores do país e também em alguns clubes de futebol. Pelo menos nisso, o Paraná conseguiu ficar um pouco parecido com o Flamengo.

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