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Mauro Cezar Pereira
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Análise

O goleiro catimbeiro terá coragem de olhar nos olhos da família após fazer cera?

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Mauro Cezar Pereira
04/11/2021 11:37 - Atualizado: 04/10/2023 17:21
Goleiro da Chapecoense em duelo contra o Corinthians
Goleiro da Chapecoense em duelo contra o Corinthians | Foto: Estadão Conteúdo

“Fazer cera” é o mesmo que demorar, de propósito, a executar alguma coisa que já podia ter sido realizada antes. Enrolar, embromar com o intuito de engambelar alguém. No futebol, ganhar tempo quando o resultado de momento interessa.

Para tal, desde sempre, jogadores se atiram no gramado, simulam lesões, agem de forma teatral, sempre com o objetivo de fazer o tempo correr, mas não a bola. Os árbitros devem ser mais do que conhecedores das regras, obviamente.

É preciso o mínimo de malícia para se observar que algo ali não cheira bem. Que existe um personagem interessado em engrupir a todos, da arbitragem do cotejo aos adversários, passando pelos torcedores, inclusive os que pagaram pelos ingressos.

Pelas especificidades da posição, os goleiros são os que mais cera fazem. Alguns são autênticos fabricantes da, digamos, substância virtual, imaginária. Muito em função de, digamos, certos privilégios que o regulamento do futebol concede aos arqueiros.

Está na regra que se uma contusão ocorrer em meio à peleja, o árbitro deixará o jogo prosseguir até que a bola saia de jogo. Isso no caso de jogador levemente lesionado. Ele paralisará se estiver seriamente machucado e tomará as medidas de maneira que seja transportado para fora do campo.

Mas há exceções à obrigação de deixar a cancha. Uma delas: quando o goleiro se contunde. Sim, por que o time não tem autorização para prosseguir sem um especialista da posição. Já o homem de linha pode ser atendido à margem do gramado enquanto a partida prossegue sem ele.

Assim, naturalmente os goleiros desenvolveram técnicas para simular contusões, ganhando tempo devido à omissão de árbitros que não acrescentam de maneira rigorosa os segundos e minutos roubados pela malandragem corrente. No Brasil, isso vem se acentuando. Muito.

Mas qual o motivo? Com a opção de inúmeros treinadores de jogar por uma bola, ou seja, tentar um golzinho e depois se fechar para segurar o placar, ou mesmo abraçar um empate fora de casa, por exemplo; fazer cera passou a integrar a estratégia de muitos.

Em Corinthians 1 x 0 Chapecoense, na segunda-feira, o preparador de goleiros do time catarinense levou cartão amarelo junto com o camisa 1, Keiller, por orientá-lo a fazer cera. Mas nem sempre isso acontece, e o tempo de futebol acaba sendo afanado sem maiores consequências.

No meio disso tudo, surgem os indignados seletivos, que protestam contra arqueiros que agem assim dependendo da camisa que vestem. Há até quem questione se determinado goleiro catimbeiro tem coragem de olhar nos olhos dos filhos e da mulher quando chega em casa após um jogo.

Essa queixa não se repete quando outros da posição fazem o mesmo. Mas aí estamos falando de bairrismo, que pode ser tema para outra coluna. Detalhe, o gol da vitória do Corinthians saiu no minuto final, nos segundos a mais acrescidos pelo apitador por causa de mais uma cerinha do goleiro.

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