Opinião

Clubes estão asfixiados. O futebol brasileiro precisa voltar. Urgente! Mas como?

Thiago Heleno em treino pelo Athletico.

Em 8 de março, o Brasil registrava 25 casos de COVID-19. Exatos três meses depois, são cerca de 673 mil, ou seja, o número cresceu, continuamente, 27 vezes. E não para de subir. A curva aponta para cima o tempo todo, o país é o segundo colocado no mundo em pessoas contaminadas, atrás apenas dos Estados Unidos. Nos próximos dias deverá superar o Reino Unido no quesito quantidade de mortos, só ficando abaixo dos americanos.

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Em suma, nos vemos diante de um cenário tenebroso e sem qualquer perspectiva de melhora. Em meio a tal estado de calamidade pública está o futebol, que obviamente não é atividade essencial, como shoppings centers e concessionárias de veículos, aos poucos reabertos em Estados como Rio de Janeiro e São Paulo. O esporte tenta voltar, há clubes que retomaram treinamentos, mas segue imenso o obstáculo com o número de casos só subindo.

No início da pandemia pelo Brasil, a expectativa era pelo pico da contaminação seguido de queda, como ocorreu na Alemanha, onde cinco rodadas do campeonato já foram disputadas, e em Portugal, que teve bola rolando novamente nesta semana. O mesmo se passou na Itália, cuja Copa volta dia 12; e na Espanha, que terá partidas a partir de quinta-feira. Mas devido à falta de medidas adequadas, a curva brasileira segue forte, subindo. E agora?

Jorge Jesus comanda treino no Flamengo. Foto: Alexandre Vidal/Flamengo.

O futebol se vê diante de um impasse. Ao contrário do que se passou em países europeus, não existe o mais vago sinal de recuperação. O país sequer tem um Ministro da Saúde há mais de três semanas! Então surge a grande pergunta: quanto tempo mais os clubes poderão esperar? Eles seguem sem receitas e com as quotas de direitos de transmissão suspensas pela TV devido à interrupção dos campeonatos? Um verdadeiro dilema.

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“Flamengo, Palmeiras, Grêmio são os mais estruturados para suportar a longa paralisação. Há ainda Goiás, Athletico e Bahia, este com algumas dificuldades, em tese aptos a aguentar um pouco mais de tempo. Mas ninguém vai suportar quatro, cinco meses sem jogos”, analisa o consultor César Grafietti, líder da equipe do Itaú BBA que analisa os balanços dos clubes. Em menos de duas semanas o futebol brasileiro completará três meses sem pelejas.

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Passa da hora de a CBF capitanear a retomada do futebol, procurando uniformizar protocolos de segurança para treinos e jogos, desde que aprovados por especialistas reconhecidamente capazes. Após fundamentais testes de COVID-19, provavelmente será preciso confinar quem apresentar resultado negativo em CTs para treinos e, posteriormente, séries de quatro cinco jogos. Só assim, colocando os elencos em “bolhas”, os clubes terão controle sobre eles.

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A questão é quando algo assim será possível? Os clubes seriam capazes de criar essas ilhas de segurança em seus centros de treinamentos ou em locais preparados especificamente para abrigar as delegações? Funcionariam ações que deixassem os atletas e demais integrantes dos departamentos de futebol sem contato com o mundo exterior, de maneira que o vírus dificilmente penetrasse no ambiente?

Teorias. É hora de verificar se funcionam na prática. Se o futebol brasileiro esperar o governo tomar medidas corretas e a curva cair, até lá clubes quebrarão, será tarde demais. Obviamente as vidas devem estar em primeiro lugar, resta saber se existe uma fórmula segura que possa ser aplicada na caótica realidade brasileira, diferente da vivida por europeus e pelos vizinhos sul-americanos. Uma realidade única, desastrosa.

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