Mauro Cezar Pereira

Globo sabe que, na TV fechada, não depende de times que têm contrato com a Turner

Segue ruindo o acordo para transmissão do Campeonato Brasileiro firmado entre oito clubes e a Turner, dona dos canais TNT e Space e que anteriormente detinha o extinto Esporte Interativo. Athletico, Bahia, Ceará, Coritiba, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos poderão duelar na justiça com o grupo americano. Mas e a Rede Globo nisso tudo?

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A coluna apurou que o conglomerado brasileiro de comunicação que detém o controle da maioria dos direitos de transmissão de futebol no país sente-se em situação confortável em meio ao impasse. O motivo: em 2019, exceto pelos jogos do time atleticano, foi possível contar com os demais clubes em pay-per-view (PPV). E todos estiveram na TV aberta.

A Turner procurou os clubes entre o final de 2015 e começo de 2016, alguns anos depois da implosão do Clube dos Treze, que fragmentou o futebol brasileiro, sem liga, com cada um negociando sua parte. Havia insatisfação de alguns com a Globo, achando que pela TV fechada se pagava pouco, e a empresa americana entrou comprando direitos especificamente nesse segmento.

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Tal iniciativa manteve livre o caminho para que se negociasse TV aberta e PPV. E nos contratos com a Globo existem itens que dificultam exploração de outras mídias, além de redutores em caso de impacto devido à não existência de exclusividade. Esses eventuais descontos não foram utilizados em 2019, com o bloqueio de exibição dos jogos para a praça em TV fechada.

Na prática, a Turner surgiu como alternativa, mas seguiu existindo a divisão entre clubes, um evidente reflexo da inexistência de ação coletiva nas negociações pelos direitos. O modelo descentralizado gera algumas consequências. Para 2020 a Globo já comprou direito de TV aberta e PPV de 18 dos 20 times da Série A, faltando apenas Red Bull Bragantino e Coritiba.

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Com isso, falta pouco para que possa mostrar todos os times, a única limitação seria não exibir em seu canal fechado, o Sportv, partidas de Athletico, Bahia, Ceará, Coritiba, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos. Nada traumático ante a prioridade que vem sendo dada ao pay-per-view, uma maneira de estimular o torcedor a assinar o pacote fechado.

O caso do Coritiba é dos mais estranhos, já que a Turner alega descumprimento, pelos clubes, de itens contratuais em 2019, ano no qual o Coxa não disputou jogos pela Séria A, pois estava na segunda divisão, ou seja, não teria sequer como fazer algo que motivasse tal alegação. A tendência é que a Globo feche com o clube para TV aberta e PPV, como com o Red Bull Bragantino.

A questão então é: a Globo não precisa comprar esses direitos para TV fechada, caso a Turner deixe o caminho livre, rompendo com os oito clubes que mantém sob contrato. Isso mesmo, ela pode muito bem não mostrar jogos dessas oito equipes no Sportv, pois as terá na televisão aberta e no PPV. Poderia comprar tais direitos? Sim, mas hoje, para ela, não é fundamental.

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