Análise

Itália corrige falhas, jogos voltam. Brasil erra e põe futebol na marca do pênalti

Em março o novo coronavírus já ameaçava a humanidade e o futebol teve partidas sem público, para logo depois vermos interrompidas competições na Europa, pela América do Sul e no Brasil. Antes, em fevereiro, na Itália uma peleja pela Liga dos Campeões foi entendida como agente detonador da COVID-19. Atalanta, de Bergamo, jogando em Milão, a 50 quilômetros de casa, contra o espanhol Valencia. Quase 45 mil pessoas e o vírus estavam no estádio San Siro.

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O mal se espalhou, torcedores contaminados em meio à festa dos gols (vitória italiana por 4 a 1) o levaram de volta para casa, fossem moradores da cidade onde o cotejo aconteceu ou as dezenas de milhares que fizeram a pequena viagem até o local do duelo. No time da Espanha e seus torcedores, mais contaminados. Entre os atletas e demais profissionais do clube, foi constatado o índice em torno dos 35% de contaminação. O sinal de alerta acendeu.

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Sim, Espanha e, principalmente, Itália, cometeram deslizes no início da pandemia. O próprio prefeito de Milão, Giuseppe Sala, reconheceu seu erro ao incentivar a campanha “Milão não para”. Era um pedido para que a rica cidade italiana não interrompesse sua rotina, as atividades, ainda no começo da pandemia. Com atraso, o país, em choque com tantos mortos, especialmente ao norte, adotou rigorosa quarentena e, após meses, a doença arrefeceu.

O futebol está voltando na Europa, inclusive o calcio, como o esporte é chamado pelos italianos. Paralelamente, o Brasil se vê a uma distância cada vez maior desse cenário de controle, de administração mínima da crise. Se lá a curva que registra casos da COVID-19 despencou, por aqui ela sobe, dispara, apavora. Isso significa que esses quase três meses foram desperdiçados pelos governantes. Um desastre que resulta na macabra rotina com bem mais do que mil mortes diárias.

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E agora, o que fazer? Bem, os clubes de futebol estão sofrendo pela falta de receitas, como detalhamos na coluna anterior. Digamos que os governantes resolvam começar agora o confinamento, apelidado aqui com a expressão inglesa “lockdown”. Funcionará? Agora, que tantos dias, semanas, meses até foram desperdiçados. Agora, que até shoppings centers estão inacreditavelmente abertos? Alguém será capaz de fazer a curva envergar para baixo? Quando?

Por essas e outras o futebol brasileiro está na marca do pênalti.

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