Análise

Técnicos são escolhidos de forma aleatória. O Corinthians procura um “com sorte”

A Gazeta do Povo publicou a lista atualizada de treinadores demitidos durante o Campeonato Brasileiro, que chegou apenas à sua 10ª rodada no fim de semana passado. Já são sete, entre eles o do Corinthians, Tiago Nunes. Não é exatamente uma novidade, todos que acompanham o futebol bem sabem, mas sempre que um treinador é demitido, há uma tendência de vitimização, como se não fossem nem um pouco responsáveis pela perda do emprego.

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Claro, inúmeros são os casos nos quais os dirigentes degolam profissionais como se fossem os únicos responsáveis pelo mau momento de uma equipe, mas em meio a tantas chegadas e partidas, há, claro, os que participam, e muito, nas próprias demissões. A questão é que não são poucos os treinadores que saem de um clube, passam um tempo fora e quando reaparecem, nada de novo apresentam.

Essa mesmice, com propostas de jogo previsíveis e repertório reduzido coloca, muitas vezes, técnicos no mesmo patamar de dirigentes fracos, ou seja, quem contrata conhece pouco de futebol, decide na emoção, escolhe o profissional por conveniência, facilidade, para agradar imprensa, torcida. Ao mesmo tempo, o contratado não leva inovações, faz sempre o mesmo feijão com arroz insosso, quando a situação pede algo mais bem temperado.

Goiás mudou radicalmente

Sob o comando de Ney Franco, desde o campeonato passado o Goiás era o time que menos passes trocava entre os 20 da Série A. Na derrota para o Athletico (2 a 1), por exemplo, não chegou a 200, com 196 tentativas e 143 certos, segundo as estatísticas do SofaScore. Com a chegada de Thiago Larghi, foram 443 (376 corretos) diante do Corinthians, 453 (385) na partida contra o Sport e 459 (396) no duelo frente ao Coritiba.

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Claro, o índice despencou no 1 a 0 sobre o Internacional, quando os esmeraldinos derrotaram o líder do Brasileiro por 1 a 0, mesmo jogando com 10 homens desde os 4 minutos do primeiro tempo. Mas nesse curto período ficou clara a mudança radical na proposta de jogo. A questão é: será que os dirigentes que resolveram escolher Larghi para o lugar de Ney tinha essa noção? Sabiam que o novo técnico, pelo perfil, faria transformações que, possivelmente, dependerão de tempo?

Estilo? Experiência? Não. “Sorte” é o pré-requisito no Corinthians

A aleatoriedade das escolhas dos substitutos dos treinadores é evidente em muitos casos. Nesta semana surgiu uma nova forma de escolha, uma maneira diferente por meio da qual pretende-se selecionar um treinador. Perguntado sobre o perfil do substituto de Tiago Nunes, o presidente do Corinthians respondeu: “Estamos trabalhando em cima disso. Quanto mais experiência melhor. E ter sorte, que o treinador venha com sorte, se não tiver sorte, infelizmente, nada vai para frente“.

Sorte! Isso mesmo, sorte! Perfil técnico em tese mais compatível com o elenco, forma de trabalhar adequada para o momento do clube, experiência em determinadas situações que se encaixem com o que vivem os corintianos, nada disso foi colocado na resposta. O que se espera do futuro profissional a comandar o time da segunda maior torcida do Brasil é que ele tenha sorte. Com essa maneira de trabalhar, não será o único a precisar dela.

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