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Mauro Cezar Pereira
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A velha arrogância brasileira no futebol sul-americano 

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Mauro Cezar Pereira
06/08/2018 00:33 - Atualizado: 27/09/2023 19:21
Na Arena da Baixada, primeiro jogo, pela segunda fase da Copa Sul-Americana.
Atletico x Peñarol com presença expressiva de torcedores uruguaios. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
Na Arena da Baixada, primeiro jogo, pela segunda fase da Copa Sul-Americana. Atletico x Peñarol com presença expressiva de torcedores uruguaios. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Há dez dias, milhares de uruguaios surgiram pelas ruas de Curitiba vestindo amarelo e negro. Eram os hinchas do Peñarol, clube imenso e repleto de conquistas, de glórias, dono de cinco Copas Libertadores e de uma torcida enorme e fanática. Os carboneros estavam no Paraná para ver sua paixão em campo contra o Atlético, pela Copa Sul-americana.

Quase dois anos antes, a capital paranaense viveu uma invasão, mas de argentinos. Milhares deles romperam os mais de 2 mil quilômetros entre Córdoba e o estádio Couto Pereira. Era a hinchada do Belgrano, o “Pirata”, time daquela cidade que tinha a rara oportunidade de fazer um duelo internacional, contra o Coritiba, pelo mesmo torneio.

Na quinta-feira o Morumbi recebeu 35 mil pessoas para outro duelo pelo mesmo certame, São Paulo x Colón. E cerca de 15% deles, ou seja, 5 mil, eram torcedores do Sabalero, como são conhecidos os hinchas daquele clube da província de Santa Fé. Se o Peñarol perdeu para o Atlético e o Belgrano bateu o Coxa, que depois o eliminou em casa; o time argentino venceu os tricolores, resultado histórico.

A Copa Sul-americana está repleta de histórias assim. E não são apenas clubes médios ou pequenos que as protagonizam. No final de 2017, milhares deixaram a Argentina e tomaram o setor de visitantes do Maracanã. Foram ver o Independiente, um dos cinco grandes do país e dono de sete Libertadores, vencer o certame. E a decisão foi contra o Flamengo, dono da maior torcida do Brasil.

Mesmo com as festas imensas feitas por esta taça, como a do River Plate ao conquistá-la em 2014, no Brasil não são raras as vezes nas quais a Sul-americana é desprezada, seja por clubes ou parte da imprensa. Se discute há semanas se o São Paulo deveria dar atenção ao torneio, mesmo vivendo jejum de títulos e há anos demonstrando incapacidade até para chegar a uma decisão estadual.

Claro que isso parte dos centros considerados mais poderosos, principalmente do território paulista, e a Copa é, sim, respeitada e desejada por muitos clubes pelo Brasil. Como todos os vizinhos, pequenos, médios e grandes, ambicionam erguer o troféu, afinal, trata-se de um título internacional. Não é pouco. A falta de humildade, a soberba segue como um dos males a cercar nosso futebol.

Inofensivo, o Coritiba perdeu para o líder da Série B, o Fortaleza, fechando o primeiro turno do Brasileiro da segunda divisão em oitavo lugar. A nove pontos do topo da classificação, mas com apenas dois a separá-lo da zona de acesso à chamada elite. Mas a questão central não é a matemática do acesso, e sim o nível, baixo, do futebol apresentado após meio campeonato.

Quem viu apenas o placar final de 2 a 1 para a equipe dirigida por Rogério Ceni pode imaginar que o Coxa fez duelo equilibrado com o tricolor cearense. Que nada. Os comandados de Eduardo Baptista, que levou a campo sete jogadores formados em casa, pouco ameaçaram, ficaram quase todo o tempo atrás no placar e a dois gols de desvantagem desde os 22 minutos da etapa final.

O tento de Romércio ao apagar das luzes e alguns cruzamentos sobre a área do Fortaleza não apagam a atuação fraca de uma equipe que se mostrou quase inofensiva por pelo menos 79 minutos. Eduardo tenta encontrar soluções na base em meio à falta de dinheiro para reforços. Mas isso não livra o Coritiba da cobrança pelo retorno à primeira divisão.

Um dos dois participantes da Série B que já foram campeões da A, o Coxa tem o terceiro elenco mais caro da competição, segundo o site Transfermarkt.com, atrás de Goiás e CRB. Por mais complicado que seja o cenário das finanças no clube, seus adversários, em maioria, vivem com orçamentos mais apertados. Em geral com menos camisa e tradição. A pressão vai aumentar nesta segunda metade de campeonato.

***

A média de 551 passes por jogo com Fernando Diniz segue despencando no Atlético. Com Tiago Nunes, o índice desceu para 439, 373, 307, subiu a 380, caiu a 335 e agora foi a 329 no 0 a 0 com o Corinthians, em São Paulo. Se os toques na bola vão diminuindo acentuadamente, os resultados melhoram aos poucos. São seis jogos após a Copa do Mundo e 50% de aproveitamento, com duas vitórias, três empates e uma derrota por três competições.

Nos seis jogos que antecederam o Mundial da Rússia, quatro derrotas, um empate e uma derrota, ou seja, 22% dos pontos disputados foram coletados. Vai ficando cada vez mais claro que pelo perfil do elenco, pelo estilo de jogo que impera no Brasil e razões outras, o estilo um tanto ortodoxo de Diniz apontava na direção errada. Não que jogar priorizando a posse de bola seja um equívoco, pelo contrário, mas era preciso um ajuste, uma mescla ao estilo, pelo menos.

***

Falando em posse de bola, o Paraná teve 63%, finalizou 21 vezes, sete na direção certa, trocou 476 passes certos, mas perdeu para o Ceará de Lisca “Doido” no único arremate no alvo desferido pelo time nordestino. O gol de Juninho Quixadá a 14 minutos de partida impôs a mais dolorida derrota nas 10 sofridas pelos paranistas em 17 rodadas.

Isso porque o placar permitiu ao Vozão entrega a lanterna à equipe de Rogério Micale. São cinco jogos após a Copa do Mundo, apenas uma vitória, em Curitiba, sobre o América. O time perdeu as quatro outras partidas, voltando a ser batido em casa, o que não acontecia há seis pelejas. Cenário complicado e uma tarde que poderá ser lembrada adiante por custar muito caro, talvez a sobrevivência na Série A.

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