Análise

Clubes da Série A ficam sem dinheiro da TV. E agora? Mas que estratégia é essa?

Clubes da Série A brigam com a Turner.

Deu na Gazeta do Povo: “Por conta da pandemia do coronavírus e as consequentes dificuldades econômicas, a Turner decidiu suspender os pagamentos de 50% do valor que fechou com os clubes para a transmissão do Brasileirão”.

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Curiosa opção da multinacional americana. O mercado já concluiu que canais de filmes estão com os dias contados na TV paga, ante o crescimento de serviços de streaming, como Netflix e Amazon Prime. Ambos são bem mais baratos do que assinaturas e oferecem fartas opções.

“Se tem algo que segura o negócio de TV fechada é esporte ao vivo. Não se paga mais televisão para ver filme ou série. Ter esporte era um pleito estratégico”, disse à coluna um executivo do setor. “Netflix não divulga, mas estima-se pelos acessos de IP que passe dos 15 milhões de assinantes no Brasil”, acrescenta.

Assim, a investida (forte) em futebol com Liga dos Campeões e campeonato brasileiro da Série A fazia todo sentido. Caro? Sim. Mas em geral esse tipo de ação não objetiva lucro imediato, mas fortalecimento de marcas, mudança de alvo, pensando lá na frente.

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>> Confira todas as colunas do Mauro Cezar Pereira

Quando a Turner interrompe pagamentos e dá sinais de que pode (e parece interessada nisso) romper os contratos em vigor, podemos concluir que haverá um corte significativo nos investimentos. E uma abrupta interrupção na estratégia adotada.

Athletico, Bahia, Ceará, Coritiba, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos teriam parcelas a receber entre maio e julho, com a diferença acertada ao final do campeonato. E agora? Cenário terrível para quem esperava receber esse dinheiro.

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Obviamente a Turner, quando decide se descolar do futebol brasileiro, dá um sinal de que esse negócio já não lhe interessa como antes. Mesmo sendo a bola rolando uma arma poderosa para a sustentação de seus canais alimentados por filmes, cada vez menos competitivos.

Futebol, esporte, é atração que resiste, afinal, tem que ser ao vivo para ter grande apelo. Resta saber se os clubes, encostados contra a parede ante a possibilidade de não receberem o dinheiro com o qual contavam, saberão argumentar nesse sentido.

Eles têm um bom produto, ainda mais com a parada forçada pela pandemia de coronavírus, responsável pela atual demanda reprimida por consumidores de futebol. Clubes convencerão o comprador a não desistir? Terão poder de persuasão para isso? O lutarão nos tribunais?

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