Opinião

Bruno Covas, o gol de Alisson e o poder que o futebol exerce sobre nossas vidas

Alisson comemora gol pelo Licerpool

Alisson se divide entre a alegria e o choro.

A morte do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, aos 41 anos de idade, perdendo longa batalha contra o câncer, foi a notícia triste do domingo em tempos de notícias tristes em todos os dias do calendário. Quando uma doença devasta um homem diante de nossos olhos por longo tempo, ela machuca a todos quando desfere o golpe fatal.

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O episódio de Covas na final da Libertadores, acompanhando seu time com o filho, no Maracanã, desnudou nossa falta de sensibilidade coletiva. Raros de nós não o criticamos, reféns do raciocínio obtuso segundo o qual ele não poderia estar ali, na pandemia, porque era prefeito da maior cidade do país e teria que dar exemplo.

Nenhum daqueles torcedores, convidados e afins deveria estar no Maracanã naquele 30 de janeiro. A presença de milhares de santistas e palmeirenses torcendo e se aglomerando em comemoração foi a cena bizarra de uma decisão internacional. Como se o novo coronavírus não gostasse de futebol e fosse deixar todos à vontade.

Na verdade dois daqueles torcedores deveriam aparecer no estádio naquele 30 de janeiro, Bruno Covas e seu filho, Tomás, de 15 anos. Por que era a última chance, a última oportunidade, o momento derradeiro para estarem lado a lado pelo clube de coração. O Santos perdeu a final, mas a lembrança jamais o rapaz perderá.

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Alisson se divide entre sorriso e lágrimas

Como eterna será a recordação de Alisson, autor do gol da vitória do Liverpool sobre o West Bromwich Albion, pelo Campeonato Inglês. Foi nos acréscimos que o goleiro brasileiro cabeceou com muito estilo para colocar seu time em vantagem, tento que valeu dois pontos valiosíssimos na luta pela vaga na próxima Champions League.

Há menos de três meses, José Agostinho Becker, de 57 anos, desapareceu num fim de tarde depois que entrou em açude na propriedade da família. Foi o último o mergulho em uma barragem no município de Lavras do Sul, a 320 quilômetros de Porto Alegre. O corpo do pai de Alisson e do também goleiro Muriel, do Fluminense, foi encontrado mais tarde.

O arqueiro da seleção brasileira e do time inglês deixou o gramado entre o sorriso, da alegria pelo gol tão festejado pelos companheiros, e as lágrimas, pela lembrança automática de quem viu de mais longe o ato heroico do filho em campo. O poder que o futebol exerce sobre nossas vidas é algo superior, que não se explica. Viva o nosso amado esporte!

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