Atlético mostra que nem tudo é aleatório. Bom futebol também dá títulos

Albari Rosa/Gazeta do Povo

Não é de hoje que o Atlético-PR, agora reincorporando um “h” ao nome, busca reconhecimento além-fronteiras. Tem frequentado competições internacionais e, eliminando o Flamengo, avançou em 2017 na fase de grupos da Libertadores, que decidiu em 2005. E agora ergue o troféu de campeão da Copa Sul-americana, algo que, em campo, nenhum time brasileiro conseguia desde 2012.

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Estrutura, centro de treinamentos, estádio… Os investimentos atleticanos se concentram há décadas em estrutura. Outro passo vem sendo dado há algum tempo: a busca do caminho que leve ao futebol próprio do clube, uma identidade. E ela parece ter sido finalmente encontrada durante o ano que está chegando ao fim, mesmo com acidentes de percurso e momentos complicados.

Tiago Nunes herdou de Fernando Diniz um time treinado para ter a bola, controlá-la. Houve exagero em determinados momentos, com uma equipe de posse altíssima e devendo na quantidade e qualidade de finalizações, além de exposta. Por isso cometia erros no campo defensivo, levando gols — sete nos quatro últimos jogos do treinador pré-Copa do Mundo. Era preciso um ajuste.

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O novo técnico soube fazer a calibragem certa, sem jogar no lixo o que de bom seu antecessor deixara. Com Diniz, no Campeonato Brasileiro o time trocou 605 passes certos contra a Chapecoense, 624 ante o Paraná, 556 diante do Palmeiras e 547 na partida com o Fluminense. Tiago fez tal índice despencar rapidamente a 307 (Cruzeiro) e 229 (Flamengo), por exemplo.

Mas não significou rompimento com o jogo de posse de bola. Tanto que voltou a registrar alta troca de passes diante do América (561), Sport (505), Botafogo (487) e São Paulo (480), este em pleno Morumbi! Já na segunda vitória sobre os flamenguistas, foram, 298. Nos dois jogos contra os rubro-negros cariocas 527 passes, menos do que em seis partidas na Série A.

Hoje o Atlético é o único time do futebol brasileiro capaz de atuar com grande quantidade de passes trocados, com posse de bola, ou de forma mais direta, veloz, objetiva, saindo rapidamente da defesa para o ataque. Essa capacidade de alternar a forma como se apresenta oferece possibilidades valiosas para seu treinador, além de dificultar os adversários, é possível surpreendê-los.

Há tempos o Atlético busca uma identidade de jogo, algo desenvolvido dentro do CT no Caju, que não fique à mercê de preferências e estilos dos diferentes técnicos que eventualmente passem pelo clube. A contratação de Fernando Diniz tinha esse objetivo. Não chegou ao ponto certo com ele, mas a meta foi alcançada com Tiago Nunes. E não há razão para mudar, evidentemente.

Em campo, como alertamos na coluna de domingo, o jogo não foi fácil e Teófilo Gutiérrez deu trabalho. Foi o ex-atacante de Racing e River Plate quem empatou a peleja. O Junior foi melhor em Barranquilla e teve muito mais chances em Curitiba do que o Atlético na Colômbia. Não foi um bom jogo do Furacão, e é óbvio que o time pode jogar mais, como fez na ótima campanha do título.

Com a Copa Sul-americana, o Furacão legitima a busca por esse estilo próprio. Ele finalmente parece ter sido encontrado. Evidentemente baixas inevitáveis com o assédio de clubes por seus destaques causarão impacto. Nada que não possa ser contornado, desde que, na base ou indo ao mercado, saiba encontra os nomes certos para reposição. E isso já aconteceu antes.

O Atlético vai começar 2019 como Athletico, um velho-nome novo, uniforme remodelado, escudo repaginado e jeito de jogar também recente. Tudo desenvolvido, amadurecido e consolidado no ano que está terminando. Colocar isso nos trilhos foi o desafio dos últimos anos, manter no lugar é a missão que se apresentará já em janeiro, quando nem todos os jogadores estarão de volta.

Mas a identidade de jogo não irá embora se os rubro-negros não quiserem. E obviamente não querem. Ainda mais com a primeira taça internacional de campeão embelezando a sala de troféus do clube que chegará ao centenário em cinco anos. O Atlético não tem a receita dos mais ricos do Brasil, mas sabe buscar seus objetivos. Determinação que dinheiro não parece capaz de comprar.

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