Demitido pelo Athletico, Juan Carlos Osorio encontrou o que procurou
Quando Juan Carlos Osorio foi anunciado pelo Athletico, no início de janeiro, me surpreendi com a escolha, mas era difícil discordar dela. Um treinador com história, títulos, currículo e filosofia ofensiva. O colombiano parecia o encaixe certeiro para o ano do centenário.
Tudo indicava que ele poderia fazer o time jogar bola, o que não acontece com regularidade há bastante tempo. Mas, por culpa do próprio Osorio, a relação com jogadores, torcida e diretoria se desgastou em velocidade recorde. O ápice aconteceu na primeira derrota da temporada – que acabou com dois anos de invencibilidade no Paranaense – diante do Londrina, no Estádio do Café.
Uma equipe apática. Que domina a bola por 60% do tempo, mas não tem volume de criação de jogadas. Que chuta a gol e não assusta o goleiro adversário. Enfim, um time distante do potencial que o elenco atleticano sugere.
E qual a causa deste efeito? Rodízio, improvisações, falta de entrosamento. Claramente, a ideologia de não ter titulares nem reservas, de informar ao plantel o onze titular apenas uma hora antes da partida, ou mesmo de imaginar que pode e deve sempre vencer jogando bonito, não funcionou no CT do Caju.
Não digo que é impossível fazer o Athletico jogar assim, pelo contrário. Mas tudo com Osorio foi muito abrupto. Para funcionar, as coisas teriam de caminhar passo a passo, com calma. O treinador, contudo, não se mostrou disposto a isso. Quis revolucionar e implantar seu modelo rapidamente. Lugar errado, maneira errada, hora errada.
O colombiano também mostrou destempero, como foi no Atletiba, quando ouviu provocações e reagiu com beijinhos irônicos. Mas esqueceu do jogo em certo momento e passou do ponto. Deu um tapa na mão de Fernandinho, que tentava o encaminhar ao vestiário no intervalo. Depois, veio o rompante na coletiva de imprensa, criticando duramente o futebol apresentado em campo.
Osorio fez tudo errado e encontrou o que procurou. O resultado foi a demissão. Diante de todo o contexto, é inegavelmente um acerto. Pelo andamento das coisas, era questão de tempo.
Com janeiro e fevereiro perdidos, vamos ver quem assume o barco. E a dúvida maior: vai durar até o fim da temporada?
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Incentivado por referências como Carneiro Neto e Augusto Mafuz, esta é minha primeira coluna oficial no UmDois Esportes. Tentarei escrever pelo menos uma vez por semana, aos poucos me acostumando a colocar no papel minha opinião, sem deixar de ser repórter.
Fernando Rudnick é formado em jornalismo e pós-graduado em comunicação esportiva. Sempre repórter, começou a cobrir o dia a dia dos times paranaenses em 2009, quando entrou na Gazeta do Povo. Atualmente, é coordenador do UmDois Es...
