Opinião

Racismo no futebol: o discurso de ódio não pode vencer

Gerson, Flamengo, racismo no futebol

Gerson, do Flamengo, foi o alvo de um novo ato de racismo no futebol brasileiro.

Vivemos nas últimas semanas casos de racismo no futebol brasileiro. Do campeonato mais importante do País até uma singela competição de crianças, convivemos com atos semelhantes, que se apoiam basicamente na impunidade no mundo do esporte. Por mais que as manifestações antirracistas sejam mais e mais veementes, a postura de clubes, federações e CBF ainda está bem longe do ideal. Num dia em que celebramos a paz, essa reflexão é ainda mais necessária.

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Os fatos em sequência por aqui, ambos próximos da histórica reação dos jogadores de Paris Saint-Germain e Istanbul Basaksehir, mostram que o discurso de ódio está vencendo aqui no Brasil. Essa derrota de todos nós como sociedade – porque não é só no esporte – exige uma postura de debate permanente. O combate ao racismo no futebol tem que ser prioridade para todos nós.

Aumento de atos de racismo no futebol

Em cinco anos, passou de 200% de aumento do número de casos de racismo no futebol brasileiro. É um sinal claro de que há algo errado, e ele passa pela defesa de que “o futebol é um mundo à parte“, uma das coisas mais erradas que se pode pensar. Não é porque se está num estádio que é permitido ser racista, misógino, machista, homofóbico. Pelo contrário, pela relevância do esporte, era o contrário que deveria acontecer, ser um espaço de liberdade de expressão.

Mas casos como o de Gerson, do Flamengo, e o do menino Luiz Eduardo, de apenas 11 anos, machucam porque mostram o preconceito arraigado na sociedade. Os erros estão aí, muitos os cometem sem notar, mas temos que notar. Temos que corrigir as falhas, mesmo que elas tenham acompanhado a construção do Brasil como nação. E passa por punições esportivas mais severas a atos de racismo, não só no bolso, mas também com perda de pontos e, numa situação de reincidência, até mesmo exclusão de campeonatos.

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Fora de campo, a resistência tem que ser incessante. O discurso de ódio que parte principalmente das redes sociais, onde o anonimato encoraja os imbecis, precisa ser denunciado. Os que se dizem corajosos na verdade escondem o rosto, são na verdade covardes. Neste 2020, vimos todo tipo de ameaça na internet, principalmente a negros e a mulheres. Não podemos deixar que o ódio seja alimentado. “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz”, disse Jesus Cristo. Nesta véspera de Natal, que essa frase fique como mensagem de esperança.

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