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Por que o futebol brasileiro é um moedor de técnicos?

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Cristian Toledo
07/12/2020 10:00 - Atualizado: 29/09/2023 23:05
Jorge Jesus ganhou quase tudo no Flamengo, mas não foi uma ação de planejamento. Foi uma tacada que deu super certo, mas que poderia dar errado, como geralmente acontece no futebol brasileiro.
Jorge Jesus ganhou quase tudo no Flamengo, mas não foi uma ação de planejamento. Foi uma tacada que deu super certo, mas que poderia dar errado, como geralmente acontece no futebol brasileiro. | Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

A notícia tá aqui no UmDois Esportes - o futebol brasileiro é o que mais troca de treinadores no mundo. De 2003 a 2018, foram 594 mudanças de técnico apenas na Série A do Campeonato Brasileiro. Talvez, se somassem as série B, C e D, o computador começasse a fazer fumacinha e o estudo não pudesse ser divulgado.

OUÇA: Jota Júnior participa do podcast De Letra

É só uma constatação acadêmica do que já sabemos empiricamente (que frase empolada): o futebol brasileiro é um moedor de técnicos. Os grandes trabalhos, que duraram bastante, são apenas exceções à regra, que está aí comprovada nos números. E lembrando que é o número de trocas, não de profissionais, que então seria muito maior.

Mas por que as coisas continuam assim, mesmo com mais investimento e mais clubes 'organizados'. A resposta está aí na frase de cima. Os cartolas do futebol brasileiro, até por ter mais dinheiro rolando nos últimos anos, acharam que podiam fazer loucuras. Então, é uma de contratar técnico caro que não resolve, troca, paga multa, contrata outro milionário, e assim a roda gira.

Futebol brasileiro organizado?

E essa dita organização maior dos clubes é uma balela. O mais rico de todos, o Flamengo, se perdeu todo neste 2020, errando inclusive porque entrou na ciranda de técnicos. Da forma que as coisas andaram, como disseram vários colegas, a sensação é que Jorge Jesus foi um tiro no escuro bem no alvo. Mas sem qualquer certeza de que daria certo.

Fernando Diniz. Antes o certo era demitir, agora o certo é manter. Foto: Rubens Chiri/SPFC
Fernando Diniz. Antes o certo era demitir, agora o certo é manter. Foto: Rubens Chiri/SPFC

Da mesma forma que o exemplo mais discutido do momento, que é a permanência de Fernando Diniz no São Paulo, não reflete a realidade. Até anteontem, a diretoria paulista era tachada de teimosa, por manter um técnico que não obtinha resultados. Agora, todo mundo virou gênio porque seguraram Diniz. Não é uma coisa nem outra, e nem é planejamento, é acaso.

Futebol paranaense "forte"

Nossos times são bons em trocar de técnico. No período avaliado pelo estudo, os times de Curitiba mudaram 121 vezes de treinador - 43 do Athletico, 29 do Coritiba e 49 do Paraná Clube. A dificuldade em conseguir resultados e a instabilidade interna explicam esse troca-troca incessante.

São poucos os casos de longevidade neste período, como os de Paulo Autuori e Tiago Nunes no Furacão, Ney Franco e Marcelo Oliveira no Coxa e Dado Cavalcanti no Tricolor. E aqui é tão exceção à regra que os dois maiores títulos da história tiveram troca de treinador. Em 1985, Ênio Andrade substituiu Dino Sani no meio do Brasileirão conquistado pelo Coritiba. E em 2001, Geninho veio no decorrer do campeonato substituindo Mário Sérgio para conquistar o título.

Geninho e Ênio Andrade, campeões brasileiros assumindo Athletico e Coritiba no meio do caminho. Fotos: Albari Rosa/Arquivo e Arquivo GRPCOM
Geninho e Ênio Andrade, campeões brasileiros assumindo Athletico e Coritiba no meio do caminho. Fotos: Albari Rosa/Arquivo e Arquivo GRPCOM

Liverpool no futebol brasileiro?

Como escrevi recentemente, não conseguiremos ter clubes como o Liverpool, que deu quatro temporadas para Jurgen Klopp moldar o time que depois passou o trator. É porque há o terceiro ponto que explica porque o futebol brasileiro é um moedor de técnicos: a cultura do esporte no País. Exigimos resultados sempre, em qualquer circunstância. O vice-campeonato não vale nada - "é o primeiro dos últimos", como cunhou Nelson Piquet.

Tá certo? Claro que não. Continuidade ainda é um dos caminhos para o sucesso esportivo. Mas para mudar isso, precisamos evoluir muito - dirigentes, técnicos, jogadores, torcedores e jornalistas. É coisa pra gerações, mas que podemos ajudar a transformar desde já.

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