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Análise

Afastamento de Samir Namur faz eleição virar guerra no Coritiba

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Cristian Toledo
15/12/2020 00:13 - Atualizado: 29/09/2023 21:15
Samir Namur deixa o Coritiba a duas semanas da eleição, mas quer voltar.
Samir Namur deixa o Coritiba a duas semanas da eleição, mas quer voltar. | Foto: Albari Rosa / Foto Digital

Tinha acabado de terminar o texto sobre a negativa de Mozart para treinar o Coritiba (parte dele está abaixo) quando surge a notícia de que Samir Namur pedirá licença da presidência nesta terça-feira (15). Ele se afasta do cargo, na teoria, até a eleição, marcada (pelo menos por enquanto) para o dia 29 de dezembro. E esse movimento do cartola deve aumentar a tensão na disputa para a presidência alviverde.

OUÇA: Jota Júnior fala da instabilidade do futebol paranaense no De Letra

Em mensagem enviada por WhatsApp, Namur fez acusações sobre o processo eleitoral, que foi definida em sistema online. "Será só o começo de uma confusão bem grande. Desde a escolha da empresa, a segurança e, principalmente, todas as ilegalidades estatutárias", afirmou. Em conversa com a Nadja Mauad, do Globo Esporte, e também com a equipe do UmDois, ele garantiu que evitará conflitos éticos que seriam alegados caso permanecesse no cargo.

Mas isso também libera o atual presidente para atacar os adversários. A medida do que acontecerá já foi sentida no final da semana passada, com um vídeo de críticas a João Carlos Vialle e Renato Follador. A forma como as chapas discutiram o processo de votação mostrou também que ninguém confia em ninguém - mais que isso, o ódio tomou conta da eleição do Coritiba. Não é possível prever o que virá nos próximos 15 dias. Estejamos preparados para tudo.

Por que Mozart disse duas vezes "não" para o Coritiba?

O que parecia uma solução quase perfeita virou pesadelo para o Coritiba. Tudo em menos de oito horas. No final da manhã desta segunda-feira (14), Mozart recebeu uma proposta do diretor de futebol do clube, Paulo Pelaipe. Por volta das 20h, ele avisou ao Coxa que estava recusando a oferta para permanecer no CSA. Em pouco mais de 45 dias, é a segunda vez que o ex-jogador alviverde recusou comandar o time onde foi auxiliar técnico até recentemente. E os motivos desses dois "não" explicam a crise coxa.

Mozart ainda quer treinar o Coritiba. Mas sentiu que não teria respaldo se viesse agora.
Mozart ainda quer treinar o Coritiba. Mas sentiu que não teria respaldo se viesse agora.

Mozart não aceitou as duas propostas - uma 'normal', outra de padrões altíssimos para um técnico em início de carreira - por causa de dinheiro. Também não recusou por que tem mágoas do Coritiba. Muito menos por conta da situação delicadíssima que o time passa no Campeonato Brasileiro. É mais do que isso, mais que razões de momento. É porque hoje o Coxa não é um clube em que se pode garantir o futuro.

Afinal, como aceitar hoje a proposta sem ter a certeza de que vai continuar em breve? Sim, Mozart recebeu uma oferta de contrato até o final da temporada 2021, mas ele teria a certeza que não se mudaria depois de uma eleição? No período entre o convite até a negativa, o Coritiba não sabia nem quando seria o pleito. Sem contar que Samir Namur era o presidente e nesta terça vai se licenciar.

Falta de segurança

Portanto, Mozart e os outros técnicos já sondados pelo Coxa nos últimos tempos (Tiago Nunes, Roger Machado, Zé Ricardo, Felipe Conceição, Vanderlei Luxemburgo...) não tinham como saber o dia de amanhã. Rodrigo Santana, demitido no domingo (13), aceitou porque estava totalmente fora do mercado. Para ele, ser lembrado já era lucro. A demissão, mesmo com um trabalho ruim, acaba também caindo na conta da desorganização alviverde.

As cifras milionárias oferecidas para que Mozart saísse do CSA e voltasse ao Coritiba não o seduziram por completo. Até pelo caráter do treinador, se ele viesse, não seria tanto pelo salário e pela premiação, mas pela vontade que tem de comandar o Coxa. Só que poderia ser um passo perigoso na carreira dele. Por incrível que pareça, o clube alagoano é mais estável (e olha que teve crise forte esse ano por lá) e ainda luta pelo acesso na Série B.

Cabe então aos dirigentes e aos que pretendem ser dirigentes do Coritiba como o time, mesmo na Série A, não consegue tirar técnicos do CSA ou do Guarani. Compreender isso é começar a encontrar respostas para a grave crise em que o Coxa se enfiou. Novo técnico? O mais certo é só depois da eleição. Até lá, que Pachequinho tenha o suporte para evitar que a baixaria eleitoral afete ainda mais um time que patina para escapar do rebaixamento.

Pachequinho vai mais uma vez ser interino, de novo no meio de uma crise daquelas.
Pachequinho vai mais uma vez ser interino, de novo no meio de uma crise daquelas.
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