O jogo de futebol merecia receber um Prêmio Nobel.

A dúvida é que não sabemos se ele seria um Nobel da Paz ou da Guerra.

Devemos recordar que, por causa da presença de Pelé em campo, houve uma trégua na guerra civil do Zaire, atual Republica Democrática do Congo, em 1969. Terminada a apresentação do histórico time do Santos daquela época o povo retornou aos combates.

Em compensação, no mesmo ano, após um jogo entre Honduras e El Salvador, disputado em Tegucigalpa, os países entraram em guerra. Os conflitos que se iniciaram no estádio transbordaram para as ruas dos dois países centrais americanos.

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Entretanto, via de regra, o futebol consegue conciliar os povos, como ocorreu, há pouco menos de dez anos, entre Armênia e Turquia. Ou ao contrário, pode impelir os países a retomarem a guerra como se registrou na antiga Iugoslávia no confronto entre Sérvia e Croácia.

O novo confronto que se verifica no futebol coloca de um lado o olho humano e do outro o olho eletrônico.

Por enquanto, os olhos artificiais vão ganhando de goleada.

Pelo menos é o que se pode observar com as primeiras experiências do VAR – Árbitro Auxiliar de Vídeo – nas partidas realizadas em gramados brasileiros.

A última tumultuada experiência aconteceu no confronto entre Bahia e Atlético-PR, pela Copa Sul-Americana, em Salvador.

Foi a primeira vez que uma equipe paranaense experimentou a sensação de disputar uma partida com o resultado final decidido pelo VAR.

E o Furacão se deu bem. Ganhou de 1 a 0, com um golaço de Pablo, depois de o árbitro argentino Fernando Rapallini ter anulado dois gols do Bahia.

Nos dois lances o apitador do jogo recorreu a ajuda da televisão.

Porém, as interpretações dos árbitros de vídeo e do árbitro do campo, provocaram muitas discussões e colocaram em dúvida a capacidade da isenção do sistema.

Acontece que os assistentes de vídeo são juízes de futebol, portanto com o mesmo despreparo que vem caracterizando a arbitragem do futebol brasileiro há muito tempo.

Se continuar assim, em vez de ajudar a melhorar o ambiente esportivo e a recuperar a abalada credibilidade do apito nacional, o recurso do VAR pode provocar acalorados debates após cada partida.

Desse jeito a moderna engenhoca eletrônica, introduzida na arbitragem do futebol, faz lembrar a sentença do inesquecível animador de rádio e televisão Chacrinha: “Eu não vim para explicar. Vim para confundir”.

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