Os times seleções empolgam as multidões
Bem antes do antológico gol de bicicleta do português Cristiano Ronaldo na goleada do Real Madrid sobre a Juventus, em Turim, os super craques sempre arrancaram suspiros dos amantes do futebol.
Na campanha do pentacampeonato europeu na década de 1950, o time espanhol encantou o mundo com Di Stefano, Puskas e outros jogadores de grande realce.
Os brasileiros Santos, de Pelé e Botafogo, de Garrincha foram os primeiros times seleções do nosso continente. Não se comparando jamais com o poderio financeiro e a organização de Real Madrid e Barcelona, que sempre se destacaram em contratações mirabolantes.
Mas, na década de 1960, Santos e Botafogo serviram como base para as conquistas do tricampeonato mundial da seleção.
Graças a eles o futebol brasileiro conquistou os primeiros títulos internacionais e a admiração do mundo inteiro.
Com mérito, talento, amor, competência e, no caso específico do futebol brasileiro, arte, muita arte.
Lá se foi o tempo em que o cronista esportivo falava e escrevia apenas sobre futebol.
De degrau em degrau, os nossos times foram descendo a escada até o piso, chegado, então, ao futebol de negócios. Ou de negociatas, em muitos casos.
Pois é no contexto desta mudança radical de conceitos gerenciais e de visão estratégica dos clubes que o cronista teve que passar a tratar de marcas de patrocinadores, negociações com redes de televisão, construção de modernas arenas e, sobretudo, do intenso mercado de jogadores.
Dezenas de jogadores surgem nos centros de formação, mostram qualidades e desaparecem. Mais tarde surgem em algum ponto do planeta e até são convocados pelo selecionador nacional.
Ocorrem tantas transações que o torcedor nem sabe o que está acontecendo dentro do seu próprio clube de coração. E, por isso mesmo, os dirigentes foram se tornando cada vez mais profissionais e donos do pedaço.
Os jogadores, notadamente os astros, viraram marcas, e são tantos os compromissos e as preocupações dessas marcas humanas que muitas vezes o futebol que jogam dentro de campo cai para segundo plano.
Até a seleção brasileira – objeto de orgulho do povo e símbolo do país – virou uma marca que joga aqui e ali de acordo com os interesses comerciais da CBF. Os patrocinadores tomaram conta de todos os esportes.
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Mas voltemos aos times seleções que empolgam as multidões.
Houve, no passado, diversas equipes que reuniram grandes jogadores ao mesmo tempo, mas nada se compara ao nível alcançado por alguns clubes europeus no presente.
A excelência técnica alcançada por Real Madrid e Barcelona, no moderno contexto futebolístico, e a perenidade que dominam o cenário mundial através de suas conquistas, nunca teve paralelo na história.
Atrevo-me a afirmar que nenhuma seleção, até mesmo Alemanha, Brasil, Espanha e França, consideradas as melhores do momento, conseguiriam enfrentar com favoritismo a dupla espanhola.
Simplesmente porque Real Madrid e Barcelona, assim como Bayern, Manchester City, Chelsea, Liverpool, PSG e mais alguns são verdadeiras seleções que reúnem os melhores jogadores da atualidade.
Os jogos da Liga dos Campeões da Europa atraem mais a atenção do público do que a própria Copa do Mundo da Rússia que se aproxima. A Copa é mais política do que jogo praticado em alto nível.
Tecnicamente não há termos de comparação entre o padrão dos grandes times europeus com os selecionados formados por cada país.
Antônio Carlos Carneiro Neto nasceu em Wenceslau Braz, cresceu em Guarapuava e virou repórter de rádio e jornal em Ponta Grossa, em 1964. Chegou a Curitiba no ano seguinte e, mais tarde, formou-se em Direito. Narrador e comentaris...