O Brasil e o enigma do seu atraso

Fifa e Comitê Olímpico Internacional.

Diversos estudiosos têm se debruçado sobre a espantosa crise ética, política e econômica que vem devastando o Brasil nos últimos anos.

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Historiadores experientes que já estudaram muitas personalidades sul-americanas acreditam que o enigma do atraso brasileiro não é só nosso, mas de todo o continente, com poucas exceções.

O Brasil talvez se distinga como o mais clamoroso exemplo de um mal profundo que a todos nos afeta.

Argentina e Venezuela nos acompanham de perto com suas crises, e muita gente esclarecida têm procurado diagnosticar a origem da moléstia coletiva que nos corrói e impede o desenvolvimento pleno.

Lembremos que Domingos Sarmiento, um dos maiores pensadores liberais nesta parte do mundo, atribuía ao caudilhismo de nossa herança ibérica, contaminada pela velha presença árabe, àquele tipo de comportamento coletivo que sempre hesita entre o despotismo e a anarquia. Rosas e Perón foram paradigmas na Argentina.

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Como disse Roberto Campos, o mais importante pensador econômico brasileiro, em vez de explorar inteligentemente todos os recursos da natureza territorial, física, étnica e cultural para desenvolver-se como país rico e aberto para o mercado internacional, o Brasil continua distribuindo pobreza. Segue cultivando a pobreza através da bolsa família e outros artifícios. Educação, saúde, transporte, segurança pública, emprego e outras necessidades básicas da população continuam deficientes.

O gigantesco país continua enfrentando as consequências da instabilidade provocada por governos populistas.

O resultado é o nacionalismo como recurso infecto dos burocratas e políticos demagogos para as mazelas que cria sua incompetência; a resistência tenaz do antigo patrimonialismo clientelista querendo se legitimar pelo socialismo previdencialista e o corporativismo autoritário da tradição mediterrânea.

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E o que o esporte tem com isso?

Tem tudo a ver. Basta correr os olhos pelas últimas denúncias em torno dos ganhos e prejuízos da Copa do Mundo e das Olimpíadas realizadas no Brasil.

Os ganhos, claramente, ficaram com a FIFA, a CBF e os parceiros dos dois maiores eventos do esporte mundial.

Os prejuízos, pelo que se observa no andamento das investigações, ficaram na conta do dinheiro público investido na construção de uma dezena de arenas, algumas transformadas em verdadeiros elefantes brancos. Até o Maracanã, a jóia da coroa do futebol brasileiro, foi abandonado, precariamente recuperado e tem sido rejeitado pelo Flamengo, o único clube carioca com força popular para torná-lo viável.

Diversas construções encomendadas pelo Comitê Olímpico Internacional estão deteriorando no Rio de Janeiro.

Um triste balanço, sem dúvida. Pobre país rico.

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