Opinião

O mundo desconhecido do Futebol SA

Desde José do Egito, os dirigentes políticos tratam de garantir suprimentos de grãos para a população. E foi quando tratava de abastecer Roma com carregamentos de trigo, que Pompeu, o Grande, proferiu uma frase que se tornou lema de inúmeras companhias de navegação: “Navegar é preciso, viver não é preciso”, ordenou ele ao capitão de seus navios que insistia em permanecer no porto para não ter de enfrentar uma tempestade.

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Dois mil anos depois, os dirigentes do futebol brasileiro despertaram para a necessidade de correr riscos para a sobrevivência de seus clubes cada vez mais deficitários, em um mercado altamente competitivo e com milhões em jogo a cada nova temporada.

Talvez seja o lema de “Evoluir é preciso, viver não é preciso”. Acostumados a prática de verdadeiro espeto corrido de besteiras na administração da maioria dos clubes sem fins lucrativos, os cartolas enterraram muitos deles, que agora passaram a ser leiloados no mundo desconhecido do Futebol SA.

Desconhecido para nós brasileiros, claro, pois o mundo desenvolvido e bem mais civilizado pratica há décadas a mercantilização inteligente do esporte mais popular do planeta.

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Alguns países vão muito bem, obrigado, como Inglaterra, França, Alemanha, entretanto, outros patinam no aprendizado como Espanha, Itália, Portugal e muitos mais que ainda seguem no meio termo entre clubes associativos recreativos e clubes com donos.

Observando as primeiras movimentações, por parte da dupla Atletiba, por exemplo, que ouviu os seus associados e optou por absoluta maioria de votos para a criação de uma empresa a ser oferecida aos investidores na gestão exclusiva do time de futebol.

Ou seja, o patrimônio e os compromissos financeiros continuarão pertencendo às marcas Athletico e Coritiba, mas a operação do futebol em breve contará com a participação de corporações que investem no setor ou simplesmente de um empresário ou um conglomerado internacional.

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As alternativas são bem variadas e vai caber aos atuais gestores a direção a ser tomada. Cruzeiro e Botafogo, por outro lado, dois clubes sabidamente com graves dificuldades financeiras já negociaram os seus departamentos de futebol.

Se foram bons ou maus negócios só o tempo nos mostrará o resultado. O que se espera é que haja bom senso, boa escolha de parceiros e, sobretudo, execução do planejamento dentro de rígidos métodos profissionais sem margem para erros ou experiências duvidosas.

Trocando em miúdos: não dá para pisar na bola em um assunto tão delicado e de alta indagação para o presente e o futuro de toda associação que optar pelo sistema de sociedade anônima. Não tem retorno e se bobear vai a falência como qualquer empresa mal gerenciada.

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