Futebol brasileiro à sombra das bananeiras

Suponhamos, por um passe de mágica, que as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros nos últimos anos sejam resolvidas pelo resultado das próximas eleições.

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Os clamores imediatos como o pleno emprego, segurança pública, transporte coletivo, ensino, saúde, combate a corrupção e ao tráfico de drogas, a taxa do dólar tomando juízo, as querelas entre direita e esquerda resolvida de uma forma satisfatória para toda a população.

O que ficaria faltando ? Um projeto nacional.

Não aqueles programas apresentados pelos partidos em época de eleição ou planos com promessas cumpridas pela metade ou jamais cumpridas.

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Isso qualquer candidato pode fazer. Também não se trata de justiça social. Num país gigantesco como o nosso, isto é obrigação de ética e decência.

Mais complicado é oferecer uma mensagem convincente, daquelas que, para além da lógica, empurra um país para diante e renova no povo a vontade de viver.

É coisa misteriosa, mas cada país tem a sua motivação, ou procura ter.

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Os Estados Unidos fortaleceram a livre iniciativa e o espírito de conquista; os ingleses sempre foram práticos; os alemães pragmáticos e trabalhadores; os chineses alimentam o mito do crescimento em grande escala e estão se dando bem.

Os brasileiros continuam no meio termo: diversos setores desejam ser competitivos no mercado interno e, sobretudo, externo e outros ainda alimentam o ideal nacionalista. Continuamos líricos e cordiais e não conseguimos separar o sonho da realidade.

No futebol não é diferente. Ele apenas reflete o panorama nacional. Fica no meio termo entre o atraso e a modernização.

O atraso é representado, com todas as tintas, pela eterna cartolagem na CBF, nas federações estaduais e, mais do que muitos imaginam, nos clubes. Basta observar a deficiente gestão do futebol na maioria dos clubes, os prejuízos financeiros causados, as crises políticas internas, a sede pelo poder, para não se limitar as últimas eleições no Vasco da Gama.

O atraso é a insistência com a realização dos deficitários campeonatos estaduais nos mesmos moldes de sempre.

O atraso é a evasão de jovens promessas para o exterior antes mesmo de os jogadores vestirem a camisa do time principal. Certamente é um ótimo negócio para os envolvidos nas negociações.

A modernização seria uma completa faxina no comando da CBF; a transformação das federações estaduais em departamentos auxiliares com baixo custo operacional apenas para administrar as competições regionais enxutas; uma revolução nos métodos de trabalho dos grandes clubes.

Jogando dinheiro fora com contratações mal feitas, insistindo no troca-troca insano de treinadores, aceitando arbitragens incompetentes e convivendo com campeonatos esvaziados sempre na dependência das verbas da televisão, o futebol brasileiro permanecerá à sombra das bananeiras.

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