Os milhões de brasileiros que gostam de futebol torcem por um time e, apesar dos fracassos recentes, ainda têm resquício de paixão pela seleção, estão profundamente decepcionados. O futebol brasileiro anda mergulhado em hipocrisia.

O planejamento dos clubes é um desastre, tanto que, em dez rodadas da Série A do Brasileirão, nove técnicos já foram mandados embora. O diretor Felipão saiu antes de ser dispensado pelo Athletico afogando-se em atitudes hipócritas, entre as últimas, juras de amor pelo clube e pela cidade, até o desenlace. O técnico Paulo Turra foi demitido no mesmo dia.

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O nível técnico da maioria dos nossos times é baixo, daí o predomínio quase absoluto de Palmeiras e Flamengo nos últimos anos, tanto nas competições nacionais quanto continentais. Atlético-MG e Athletico entraram no exclusivo clube de campeões ou finalistas de torneios importantes, mas não possuem elencos tão milionários quanto os de Flamengo e Palmeiras.

Mas nada de título mundial de clubes, sonho que não se concretiza há mais de dez anos. Do mesmo jeito que a seleção nacional não toma jeito e há cinco copas do mundo está em jejum. Também pudera, com essa alta rotatividade de presidentes e escândalos na CBF nas últimas décadas.

Para aumentar a angústia do torcedor, todos assistem a este espetáculo ridículo e grotesco da CBF atrás do treinador italiano Carlo Ancelotti. Além de ser um tapa na cara de todos os profissionais que atuam no futebol brasileiro, trata-se de uma demonstração pública de desprezo pelas tradições do time pentacampeão mundial.

É inaceitável a insistência com Ancelotti, que indubitavelmente se trata de uma pessoa capacitada e, acima de tudo, vitoriosa na carreira. Mas a CBF poderia escolher um treinador brasileiro e parar de proporcionar esse papel grotesco de importar um comandante para o nosso outrora respeitado e aplaudido selecionado canarinho.