Para quem acompanha o futebol há tanto tempo, como eu, há 61 anos atuando como jornalista esportivo, é fácil observar a trajetória deste esporte em todos os sentidos.

Primeiro, devo lembrar que trabalhei em todas as mídias: jornal com chumbo derretido para fazer os clichês da impressão, jornal digital como UmDois Esportes, rádio que dependia das linhas telefônicas e, nas transmissões internacionais, dos cabos submarinos, ao contrário das facilidades atuais, e televisão em branco e preto, com câmeras pesadíssimas e imóveis, ao contrário da dinâmica moderna de comunicação com áudio e imagem em qualquer lugar do planeta.

Pois se a mídia evoluiu, o futebol também, só que no caso do apaixonante jogo da bola, houve diversas fases, pois até os anos 1960, jogava-se com dois zagueiros centrais; dois laterais sem liberdade para apoiar o ataque e um meio de campo fixo, o famoso center half, que invariavelmente era o capitão do time, dois pontas bem avançados, um meia direita, também conhecido como meia ponta-de-lança, que promovia tramas com o ponta direita e o centroavante e um meia esquerda – também chamado de meia armador – que se aproximava do ponta esquerda e do centroavante.

Após a Copa do Mundo de 1970, e graças ao sistema de jogo adotado pela seleção brasileira, tricampeã do mundo, houve grande evolução tática e, sobretudo, de condicionamento físico. O futebol passou a ser muito bem jogado e surgiram grandes craques em inúmeros países, aumentando o interesse dos torcedores que passaram a lotar os estádios e as novas arenas que surgiram na década de 1990.

Ao mesmo tempo em que o futebol tornou-se mais veloz e com técnica mais apurada, verificou-se autêntica revolução na administração dos clubes com a criação das ligas européias que dinamizaram a gestão e, sobretudo, a parte econômica. O resultado foi a excelência dos grandes times europeus em termos técnicos, até parecendo que praticam outro esporte nas partidas da Liga dos Campeões.

Foi aí que o futebol brasileiro ficou para trás nos últimos anos sem a participação da nossa seleção nas finais das últimas cinco copas do mundo e sem título de campeão mundial de clubes há tanto tempo.

O futebol brasileiro continua subordinado às mazelas cometidas pela CBF e federações estaduais, os clubes desunidos não conseguiram até hoje criar uma liga independente, a Lei Pelé deu toda força aos agentes de jogadores e os clubes tornaram-se reféns dos empresários e dos dirigentes incompetentes. Triste a diferença técnica entre os clubes europeus e a estagnação do futebol brasileiro.

Basta observar o desrespeito pelo publico que frequenta os estádios, por exemplo, com a marcação de jogos nas segundas, às 21h35, ou aos domingos, às 20h30. Até quando a nova geração de torcedores continuará indo aos jogos?

Siga o UmDois Esportes