Dupla Atletiba precisa mudar de patamar

A insatisfação dos associados e torcedores da dupla Atletiba tem origem na má formação dos elencos. O excesso de jogadores medianos e o troca-troca de treinadores apenas agravam o problema. Enquanto o Atlético deu um salto patrimonial, o Coritiba parou no tempo. Porém, quando se trata de futebol estão rigorosamente nivelados por baixo.

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A construção do mais moderno centro de treinamentos do país e a edificação de duas arenas nos últimos 20 anos orgulharam os atleticanos. Obra do dirigente Mario Celso Petraglia. Trata-se de um gestor criativo, que parece encarar a realização administrativa como um dilema existencial permanente.

Petraglia se impõe pela capacidade de gerenciar crises e conflitos. Sofreu desgastes profundos pela falta de sensibilidade no relacionamento com companheiros, técnicos, jogadores, jornalistas e, ultimamente, sócios e torcedores. Tivesse sido mais feliz na composição do elenco, com o time dando a resposta em campo, não haveria crise no Furacão.

Os associados só vaiam por causa das más atuações e dos maus resultados; as torcidas organizadas não teriam promovido cobranças mais diretas, e até mesmo agressivas, pelos mesmos motivos. De nada adianta contratar especialistas para um centro de inteligência com estatísticas e estudos se tudo no futebol se resume ao “feeling”.

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Quem efetivamente conhece os segredos da bola sente os profissionais no primeiro contato e em pouco tempo consegue fazer um diagnóstico. Método de treinamentos, estratégias, é outra coisa. Daí, sim, para técnicos no assunto.

Futebol ainda é uma prática simples.

O excesso de tecnologia lembra a Copa do Mundo de 1958 quando a União Soviética anunciou que o seu esquema de jogo havia sido programado por um “Cérebro eletrônico”. Era como se chamava o computador naquele tempo.

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Na véspera do jogo com a União Soviética, o técnico Vicente Feola reuniu os jogadores e explicou a tática a ser adotada: Zito e Didi aproximavam-se de Garrincha, Vavá e Pelé; Zagallo faria a transposição com Nilton Santos e assim por diante. No final da palestra, Garrincha perguntou ao treinador: “Ta legal, seu Feola, mas o senhor já combinou tudo isso com os russos…?”

O Coritiba, além da deficiência técnica de diversos jogadores, tem sofrido com dívidas acumuladas, a tentativa de viabilizar a reforma ou reconstrução do estádio Couto Pereira e uma política interna que divide o clube causando estragos na administração.

Mas o que importa salientar é a semelhança do Coxa com o seu mais tradicional rival no que diz respeito ao futebol.

Ou seja, o crescimento patrimonial do Atlético não significou distanciamento técnico do concorrente. Tanto que nas finais do Campeonato Paranaense deste ano o Coritiba foi a Arena da Baixada e aplicou uma goleada tornando-se campeão.

Os dirigentes da dupla Atletiba devem entender que o torcedor é movido pela paixão e os resultados têm provocado mais desilusões do que alegrias. Portanto, já passou da hora de os nossos dois principais times mudarem de patamar para reconquistar a confiança e o apoio dos simpatizantes.

Tornou-se imprescindível errar menos nas escolhas dos jogadores e das comissões técnicas.

Impõem-se mais ousadia contratando jogadores de mais qualidade em menor quantidade que façam lotar os estádios, aumentando os quadros sociais e a conquista de novos patrocinadores.

A dupla Atletiba precisa se aproximar do nível de competição dos maiores clubes do país.

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