Análise

Cinco substituições colocam os técnicos à prova

Charles Darwin não conseguia acreditar que um Deus bondoso pudesse criar uma vespa parasita que injeta seus ovos no corpo de uma lagarta para que a larva possa consumir a hospedeira viva. Se essa vespa desafiou a fé de Darwin, que já estava minguando, imaginem o que o célebre cientista inglês acharia do coronavírus, que anda colocando o mundo abaixo.

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Podemos compartilhar sua perplexidade na atualidade, quando contemplamos o caos nos hospitais, na economia, no transporte, no ensino, no emprego, enfim em todos os setores, abalando as estruturas tanto de países desenvolvidos quanto de países em desenvolvimento precário.

O mais preocupante é que nem a ciência e muito menos os governantes conseguem dizer alguma coisa confiável a sociedade de maneira geral. A descrença atônita, uma condição à qual estamos começando a nos acostumar, é uma forma de negação que some rapidamente, mas não de modo suave.

Ela desaparece em doses homeopáticas: dois passos para frente, um para trás. Fecha tudo; abre uma parte; mais 15 dias fechado; abre quase tudo de novo. Ninguém sabe exatamente o que está acontecendo. E, pior, o que ainda está para acontecer enquanto não for inventada uma vacina que possa, efetivamente, acabar com essa terrível pandemia que surpreendeu a humanidade de forma jamais vista na história moderna.

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Mas, entrando no futebol, o nosso assunto de estimação, pelo menos os campeonatos estaduais puderam ser concluídos e começou o Campeonato Brasileiro, mesmo sob o signo das incertezas. Algo que chamou a atenção foi a novidade representada pelas cinco substituições em vez das três tradicionais.

Para quem não se recorda, ou talvez não saiba mesmo, antigamente, bem antigamente, só era permitida uma alteração em cada equipe por jogo: era chamada de regra 3, que virou até samba. A tal regra 3 previa que o treinador podia promover uma substituição até os 44 minutos do primeiro tempo. Depois, não mais.

O futebol evoluiu com duas substituições a qualquer momento da partida, passou para três e agora chegamos a cinco. Não é pouca coisa: representa cinqüenta por cento do time, fora o goleiro. Pois não há de ver que logo nas primeiras rodadas os técnicos foram colocados à prova com as tais cinco substituições.

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O novo gringo do Flamengo – Domenec Torrent – lambuzou-se todo nos dois primeiros jogos.Ele cometeu o pecado original de ter mexido em um time que estava dando certo.  Não se muda time que está ganhando, já dizia, em priscas eras, o Conselheiro Acácio. Rafinha e Arrascaeta, titulares absolutos no tempo vitorioso de Jorge Jesus, no banco de reservas; Everton Ribeiro substituído. Alguma coisa anda errada no Ninho do Urubu.

Mas outros técnicos também se atrapalharam com tantas possibilidades de mudar radicalmente o time com a bola correndo. Além da necessidade de um grande elenco, em qualidade não em quantidade, para dar mais opções ao comandante, este precisa demonstrar conhecimento do grupo, visão e planejamento estratégico para não errar.

Técnico de futebol é como piloto de avião: qualquer equívoco, cai.A regra 3 voltou a ser uma atração do futebol.

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