A televisão afastou de vez o torcedor dos estádios

Imagens internas da Arena da Baixada. Imagens internas do estádio Joaquim Américo Guimarães, fotos do gramado - Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

A televisão mudou o costume do torcedor de futebol para sempre.

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Há vinte anos, quando as redes nacionais e internacionais de televisão passaram a exibir praticamente todas as partidas de futebol de diversos países, em canais abertos ou pagos, o comportamento do aficionado brasileiro era diferente.

Ou seja, ele frequentava os estádios em grande número ou acompanhava os jogos pelas transmissões radiofônicas. Os gols e os melhores momentos gravados eram vistos mais tarde na telinha.

O torcedor ainda mantém o seu interesse pelo futebol – cada um tem o seu time de preferência – e gosta de brincar com amigos e companheiros após cada rodada. Só que a maioria dos torcedores não vai mais aos estádios. Isso é preocupante para o futuro dos clubes, principalmente aqueles que construíram modernas arenas e têm de arcar com elevadas taxas de manutenção e saldar os custos das obras.

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Para reunir grandes plateias os clubes necessitam formar times altamente competitivos e com calendários recheados de atrações.

Diante deste novo cenário os dirigentes estão desafiados a demonstrar capacidade para sensibilizar as massas e lotar de novo os estádios e a as arenas. Além, é claro, da fidelização através de campanhas para ampliar o quadro social.

O que se observa no atual futebol brasileiro é um calendário mal elaborado, que atrapalha o trabalho dos profissionais na manutenção do nível dos espetáculos e a escassez de dirigentes capazes de responder à altura das necessidades esportivas.

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O inchaço da Copa Libertadores da América, simplesmente para atender aos mesquinhos interesses políticos dos cartolas da Conmebol, funcionou como efeito cascata na atividade dos times envolvidos. Ou seja, com o absurdo número de oito representantes brasileiros no torneio sub-continental, eles não conseguem manter o ritmo técnico por também estarem envolvidos nos deficitários campeonatos estaduais, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. E quem não está na Libertadores, tem a Sul-Americana, sem esquecer da natimorta Primeira Liga.

É muito jogo para tão pouco público disposto a sair de casa, correndo todos os riscos de deslocamento e insegurança pública, para ver futebol ao vivo às dez horas da noite.

Para completar as dificuldades de manter padrão técnico de qualidade razoável durante cada temporada a sangria dos melhores jogadores para o exterior continua. E continua porque a negociação dos principais craques passou a integrar o orçamento de todos os clubes que revelam jogadores.

As causas e as consequências do esvaziamento dos estádios são, portanto, de fácil interpretação.

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