Futebol: tradição, negócios, política e poder

Jogadores de Roma e Torino fazem tributo a jogador Astori da Fiorentina. Foto: FILIPPO MONTEFORTE/AFP

A torcida da Fiorentina homenageou dignamente o capitão do time Davide Astori no seu sepultamento.

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Imagens tocantes de reconhecimento ao ídolo, sentimento pelo prematuro falecimento e amor ao futebol que vai muito além dos gramados.

Apenas a metade do público normal nos jogos do Borussia Dortmund – média de 52 mil pagantes por jogo – compareceu a primeira apresentação marcada pela Bundesliga para uma segunda feira. Antes, a torcida do Eintrackt Frankfurt atirou bolinhas de tênis sobre o gramado em protesto pela programação de futebol na segunda feira. Segundo os torcedores a tradição foi quebrada em troca de mais dinheiro oferecido pela televisão.

A realidade é que os interesses econômicos e financeiros são tão influentes que até o centenário costume de os ingleses não jogarem aos domingos – Never on Sunday, diziam – foi para o espaço.

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Os times da Inglaterra jogam praticamente todos os dias. Basta ligar a televisão num canal esportivo e lá estão eles correndo atrás da bola e, obviamente, do dinheiro da tv. Esta, por sua vez, trata dos seus interesses comerciais e colocou o futebol na grade de programação como atração popular.

Mesmo nos horários mais estranhos, como acontece nos campeonatos brasileiros e sul-americanos, a bola rola.

Mas está diminuindo a freqüência do público na maioria dos estádios, reduzindo a média de pagantes e, inevitavelmente, caindo o padrão técnico das partidas pelo excesso de participações no discutível calendário organizado pelas confederações.

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Basta acompanhar o aumento no número de jogadores lesionados. Como consequência os médicos foram colocados em xeque pelos cartolas. A diretoria do Santos, por exemplo, dispensou o departamento médico inteiro por considerar demorada a recuperação dos atletas machucados.

Ó tempora ! Ó mores !,  já dizia Cícero com as mudanças na sociedade romana.

Mas a política no futebol segue em frente e a luta pelo poder é interminável.

Se a seleção de Tite conseguiu recuperar o prestígio com a campanha nas eliminatórias para a Copa do Mundo, fora de campo a crise na CBF permanece.

José Maria Marin, ex-presidente da entidade nacional, cumpre prisão nos Estados Unidos. Seu antecessor Ricardo Teixeira foi indiciado pela Justiça norte-americana por fraudes. Marco Polo Del Nero, atual presidente licenciado, foi investigado pelo Comitê de Ética da FIFA e suspenso pela entidade internacional.

Porém, mesmo sem sair do país para jogos da seleção ou mesmo eventos e reuniões na Conmebol ou na FIFA – imagina-se que por receio de ações do FBI -, Del Nero trabalha para eleger como sucessor alguém da sua confiança.

O que chama atenção é o silêncio e a conivência dos grandes clubes brasileiros que não se manifestam sobre os graves acontecimentos registrados na CBF nos últimos anos.

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