O fenômeno não é exclusivo do futebol brasileiro, pois a mercantilização sem limites do esporte mais popular do planeta tornou-se rotina em todos os países.

Mas, pela má formação educacional e cultural da maioria do nosso povo, os jogadores brasileiros estão sofrendo mais para firmar-se no rico e prestigiado futebol europeu.

Basta observar a dificuldade encontrada pelo talentoso Endrick para destacar-se no elenco do poderoso Real Madrid.

Praticamente só conseguiu virar a chave na última partida, quando saiu do banco de reservas e marcou dois gols, na prorrogação da partida com o Celta, pela Copa do Rei.

Com milhões nos bolsos, mas intensamente cobrados por atuações convincentes, os jogadores perderam a alegria de jogar.

Fazem tudo de forma quase robótica, obedecendo os treinadores e ousando pouco durante os jogos.

Isso diminuiu o brilho técnico do futebol de uma forma geral.

Futebol pode ser triste ou alegre. Pode ser uma coisa artificial, calculada ou divertida e bem-humorada. No passado os jogadores tinham liberdade para criar, inventar, driblar à vontade e fazer a felicidade dos torcedores nas arquibancadas.

Dirigentes contribuem para futebol ficar sem graça

Os dirigentes e os modernos executivos do futebol contribuem, significativamente, para que o futebol fique quase sem graça.

Tanto é verdade que, ao contrário dos tempos de ouro do futebol brasileiro, ninguém pode assistir mais aos treinamentos e muito menos homenagear pessoalmente os ídolos.

Todos trabalham fechados nos centros de aprimoramento e nem mesmo os representantes da mídia tem acesso a esses procedimentos.

O treinador e um jogador escolhido são colocados à disposição dos repórteres para as tais entrevistas coletivas.

Sou do tempo em que assistia treinos com o gravadorzão antigo embaixo do braço, ao lado da trave, conversando com dirigentes, funcionários e jogadores suplentes.

Era tudo espontâneo, natural, ao contrário de hoje onde os agentes e empresários controlam tudo, inclusive a vida pessoal dos jogadores e dos seus familiares. Os clubes também atuam para o afastamento do público limitando os espaços.

Tenho saudade da festa que se fazia nos treinos e nos jogos.

Lembro-me que milhares de atleticanos foram a Baixada para assistir ao primeiro treino do capitão Bellini. No fundo, não queriam ver futebol: queriam ver o ídolo Bellini “de perto”.