Algo anda errado no reino do Athletico. Mas cuidado com o Oráculo de Delfos

Na sua estratégia de comunicação para explicar o caso do doping do jogador Tiago Heleno, o Athletico lembra o modelo do Oráculo de Delfos.

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Em vez do presidente do Conselho Diretor – Luiz Salim Emed –, como procedem todos os clubes, a entrevista coletiva foi concedida pelo presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia.

Muitas vezes, em suas raras manifestações públicas, o vitorioso e polêmico Petraglia prefere ambigüidades e expressões vagas porque precisa preservar margens de manobra. Não raras vezes ironiza a mídia paranaense, afirmando que prefere recorrer as redes nacionais de televisão para apresentar os seus projetos e realizações.

No caso da coletiva da semana que se encerra, Petraglia não só recorreu a imprensa local, como se apresentou com sinais de abatimento pela grave ocorrência dentro da cozinha do CT do Caju.

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Ah, ia me esquecendo do Oráculo de Delfos, que inspirou este comentário.

No século 5 a.C., relata Heródoto, Creso era o rei da Lídia – hoje sudoeste da Turquia – e enfrentou a ameaça de Ciro II, da Pérsia, cujas forças acamparam na margem leste do Rio Hális.

Na dúvida se sairia para combater o inimigo ou se permaneceria em segurança na cidadela de Sardes, sua capital, Creso consultou o Oráculo de Delfos.

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Envolta pelos vapores que emanavam do chão, a resposta da pitonisa foi antológica: “Se cruzares com teu exército o Rio Hális, destruirás um grande reino”.

Animado pela mensagem do deus Apolo, Creso saiu a combater Ciro II e foi fragorosamente derrotado.

Quando cobrou o Oráculo pelo acontecido, foi-lhe dito que o grande reino a ser destruído era o dele e não o de Ciro II.

Voltemos a tumultuada entrevista coletiva.

A clareza de suas justificativas encaminhava as coisas para uma boa matéria jornalística quando a repórter Luana Kaseker, desta Gazeta do Povo, questionou sobre a dívida do Athletico com a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Estado. Petraglia, em mais um de seus rompantes, mandou a jovem jornalista calar-se e ameaçou proibir o jornal de participar de entrevistas futuras.

Tudo muito lamentável e perfeitamente contornável se houvesse equilíbrio emocional por parte do veterano dirigente.

O uso do suplemento para emagrecimento e aumento da massa muscular ministrado pela nutricionista, – pratica comum em todos os clubes e em todas as modalidades esportivas, – continuaria passando despercebido não fosse o flagra da comissão anti-doping da Conmebol.

A surpresa foi que o equivoco na dosagem do suplemento, ou algo do gênero, tenha ocorrido dentro de um clube que se jacta pela modernidade e infalibilidade.

E vai mais além, porque tenta mudar a forma de relacionamento com o torcedor.

Se o futebol sempre foi associado a emoção, festa, democracia, catarse popular, alívio de tensões, válvula de escape, improviso, arte e picardia a atual direção atleticana estipulou regras rígidas para o que pode e o que não pode acontecer dentro da Arena da Baixada.

Aos poucos, os dirigentes conseguiram transformar em fonte de repressão o que seria só jogo e prazer.

Sem alarde, insidiosamente, se jogou uma tela de contenção, que atinge indistintamente todos aqueles que amam e vibram com o Furacão.

Sob a máscara de gestão profissional, de segurança, de modernidade, de higiene, de disciplina, espalharam-se normas que restringem a liberdade dos torcedores e associados.

A consequência foi o esvaziamento da Arena da Baixada que, em vez da lotação dos tempos da velha Baixada, ou da primeira Arena na campanha do título de campeão brasileiro, por exemplo, observa-se uma média de apenas 11 mil pessoas. E exatamente no melhor momento técnico da história do time rubro-negro.

Jamais o Athletico desfrutou de um calendário tão rico, de uma exposição de marca tão ampla e de poder expandir o seu quadro social aos desejados 40 mil membros.

No campo de jogo também se observa um grave problema no condicionamento físico da equipe que menos jogou na temporada e que apresenta declínio na última meia hora da maioria dos jogos. Quinta feira, depois de um primeiro tempo de bom rendimento, o time de Tiago Nunes baixou a rotação, foi dominado pelo fraco Fortaleza e emitiu sinais claros de desgaste físico.

Algo anda errado no reino atleticano. Mas todo cuidado ao consultar o Oráculo de Delfos.

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