Não sou filiado à teoria de que o Atletiba é um mundo à parte. É teoria abstrata, eventual, geradora de ilusões.
Entendo que a importância do clássico não se esgota na rivalidade. Essa, ao contrário, tem um valor mínimo quando o jogo e a consequência do seu resultado são tratados em razão da ordem geral.
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Vejam só essa vitória do Coritiba, no Couto Pereira, sobre o Athletico, por 2 a 0. Uma coisa foi a vitória em si, no jogo específico: clara, tranquila, sem alienar-se a nenhuma dúvida sobre qualquer ângulo que seja analisada. Outra coisa é a sua consequência que não pode ser dissociada da realidade.
A vitória que, em tese, que poderia ser tratada como grandiosa, não provocou a mínima diferença na sua condição no Brasileirão, a de lanterna. Perante a vida real, uma ilusão mortal.
Isso não absolve o Athletico. É que buscar conforto para a desgraça rival no campeonato é diminuir a si próprio. E mais grave: ignorar os defeitos que podem frustrar o único objetivo que resta nesse 2023, que é a classificação para a Libertadores.
O jogo no Couto Pereira foi sem açúcar e sem sal.
De um lado, o Coritiba, que sem qualidade técnica, aproveitou-se da do ambiente tenso e minado para jogar com base na superação.
De outro outro, o Athletico em sua pior e mais grave versão. É que à sua desorganização tática, somou-se a inoperância do atacante William Bigode e do lateral Bruno Peres. E entre esses dois defeitos, à exceção de Bento e Canobbio, intrometeu-se a indolência que no primeiro tempo, no conceito de preguiça.
Os gols de Victor Luis, de falta, e de Islam Slimani, de cabeça, anunciaram a solução do jogo no primeiro tempo. É que o Furacão parecia ter uma proposta definitiva, que é a de ser indolente até o final. Além do mais, quando saem Bigode e Bruno, tendo que improvisar Erick na lateral e buscar a solução com Rômulo e Cuello, é escancarar a disposição para a derrota.
Dito em resumo, o Atletiba foi isso: a vitória foi uma ilusão para o Coritiba, por não afastá-lo da lanterna; e a derrota, foi uma indicação da atual realidade ao Athletico. Ninguém perde para o lanterna só em razão da rivalidade histórica. Há fatos e graves.