Os gols de Vitor Roque pela seleção brasileira, no Sul-Americano sub-20, da Colômbia, não me comovem. E as minhas razões são objetivas.
Os gols não têm o caráter de surpresa. Roque vai alcançar os 18 anos com todos os atributos que tinha Ronaldo Fenômeno quando surgiu no Cruzeiro.
Poderia já ter explodido para o futebol mundial no Athletico, em 2022, se jogasse com mais frequência e, quando jogasse, não fosse sacrificado pelo esquema rústico adotado por Felipão. Lembram? Era encaixotado e isolado entre os zagueiros, isso quando não tinha que voltar para marcar.
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Agora, no Brasil sub-20, Vitor Roque é o prelúdio, o centro e o ponto final do esquema do bom treinador Ramon Menezes. É natural que a bola sempre chegue a Vitor e, então, com a posse dela, só exerça os seus atributos para marcar.
Mas não são essas razões de ordem técnica que levam a não me comover com os gols de Vitor Roque. É a de que o momento da explosão está coincidindo com o negócio que o levará ao Barcelona. Se não for agora, será na janela de férias da Europa. Na volta da Colômbia, irá jogar um ou outro jogo e irá marcar alguns gols. Com isso, irá render para a torcida a ilusão de que o Furacão tem um goleador.
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Dirão que Vitor Roque vai render 35 milhões de euros. Mais do que ter, mais do que poder, o Furacão está obrigado a vender. Não pense o torcedor que os R$200 milhões entrarão no caixa do clube. É que o valor líquido de uma transação como essa terá que descartar 30% no meio do caminho. E não se pode ignorar que, quando os valores entrarem, o Athletico já será uma sociedade anônima.
Quem me comove é o goleiro Mycael. Um espetáculo que os atleticanos irão assistir por algum tempo depois que Bento for embora.