Opinião

Uma bela história de amor: Nilson Borges

“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tenho só duas datas: a de minha nascença e a de minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus”. 

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Na sua definitiva frase sobre a morte, o poeta Fernando Pessoa, talvez, mostre um pouco de egoísmo, tomando somente para si os seus dias, não querendo dividi-los com ninguém.  

A frase de Pessoa não explica Nilson Borges. Não pela sua humildade, mas, porque amando desesperadamente o Athletico, entre o dia em que nasceu e o dia em que morreu, entregou todos os seus dias aos atleticanos.

Como Caju, nenhum outro jogador amou tanto o Furacão como Nilson. Era um sentimento despropositadamente puro, que parecia ser um envio divino para ser a representação viva do ideal rubro-negro.

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O seu coração tinha dimensão infinita. Prestador do bem, foi autor de uma das mais belas ações que, às vezes, nós só acreditamos que foi um ser humano, porque testemunhamos.

O ano era 1972 e o Athletico tinha um zagueiro de nome Di, cujo filho de 5 anos, submetia-se a tratamento médico para regular a sua coordenação motora. A cena tornou-se um símbolo na Baixada naquele tempo: depois do treino, Nilson e o menino jogando bola, brincando à exaustão.

Mas, Nilson não foi ídolo só por amar o Furacão. Ao ídolo por amor antecedeu o ídolo pela bola que jogava. Sempre que se escolhe o Furacão de todos os tempos, lá está Nilson, na ponta-esquerda.

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Na sua época era craque quando existiam craques. O que parecia lentidão, era manobra de gênio. A sua visão para jogar era tamanha, que reduzia o campo a um palmo de grama. Assim, abria espaços para lançar, cruzar ou chutar.  

Ah, o seu drible! Pisando em cima da bola, girando o corpo para a esquerda, humilhava o zagueiro e escancarava para si o gol adversário.

Narre, aí, Carneiro Neto:

Fale, aí, Mafuz…

Quando morre alguém como Nilson é fácil encontrar consolo. Basta lembrar das suas ações como ser humano.

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