Sobre o futuro Athletico S/A, assim falou Mario Celso Petraglia: “Pretendemos ter a participação minoritária, sem gestão do clube, com mais foco na base”.
Ao justificar a sua afirmação, foi genérico: “É para a perpetuidade do clube, para o crescimento e formação”. Como o depoimento foi nas redes oficiais ancoradas por funcionários do Athletico, só houve elogios.
Se esse depoimento de Petraglia fosse dado à imprensa independente, não iria se encerrar como se encerra qualquer questão em canal oficial, pela submissão ao patrão.
+ Confira a tabela do Athletico no Campeonato Paranaense
Já escrevi e reescrevo: em tese, concordo com Petraglia que o Athletico, como instituição associativa exigida a competir e ganhar títulos, chegou ao limite, embora muitas perdas tenham ocorrido não por falta de dinheiro, mas de competência de gestão no futebol.
Concordo que qualquer conquista a partir de agora, em especial a do bicampeonato brasileiro ou da Libertadores, será um fato alienado ao acaso. Se chegou ao limite, não ganhar é mais previsível. Daí que a superação desse limite só será possível com milionários investimentos em jogadores, treinadores e profissionais de futebol.
Só que agora vem o depoimento de Petraglia: o Clube Athletico Paranaense terá participação minoritária e sem poder de gestão no futebol.
Dito de outra forma: a gestão do futebol será dos acionistas investidores, através de executivos de sua confiança. Dentro da lógica de mercado, nada mais natural, pelo princípio de quem investe mais, manda mais.
Faria uma pergunta para Petraglia: qual o perfil do acionista que o Athletico procura para comprar as ações do Athletico S/A?
O Manchester United, que sempre foi a fonte de inspiração do cartola rubro-negro para fazer futebol, depois que saiu da tutela dos ingleses e foi para a dos americanos Glazers, nunca ganhou mais nada.
Não tenho nenhuma dúvida de que Mario Celso Petraglia será um dos acionistas. Se não for oficial, e não há razão para não ser, será oculto.
Nesse processo de nebulosas transações na criação das Sociedades Anônimas de Futebol – e a do Athletico não será diferente -, entendo que o risco menor que os atleticanos correm de serem entregues a estranhos, é o de que uma parte do perfil seja o de Petraglia: investir para ganhar muito dinheiro.
A outra parte, a mais difícil por ser a mais importante, é difícil de encontrar: a de investir tendo como objetivo imediato o ganho dentro de campo.