Por em regra ser tratado sem a razão, o futebol esconde verdades. Analisado por ela, escancara a verdade que a paixão cobre com uma máscara.
Tratada sem a falsa ilusão que foi provocada por vitórias espetaculares, essa fase de fracassos do Athletico não surpreende. É a consequência natural para um time cujas limitações são reduzidas por um fato de exceção. Esse provoca a superação, que tem a capacidade de alterar física e emocionalmente o time, repercutindo diretamente na condição individual de cada jogador.
Esse fato de exceção no Athletico é Luiz Felipe Scolari, ou pelo menos, está sendo. O seu histórico de conquistas e a sua figura mística, que provocam reações excepcionais no jogador, se constituíram no motivo para que o time se superasse. E superação por não ser uma virtude natural, ser um elemento estimulado, tem um limite.
No futebol é possível ganhar superando as limitações através de luta, esquema tático e até com o acaso. Mas chega um momento em que, por não ser uma virtude natural, a superação não gera mais efeito. Esgotada, faz o time voltar ao estado anterior.
Se o time tecnicamente é limitado, então os fracassos se tornam naturais. É o que ocorre com o Athletico. À exceção de Bento, Fernandinho e Vitor Roque, é impossível em estado natural jogar mais do que jogava antes de Felipão.
Embora os fracassos recentes perturbem, já contra o Juventude irá ser sinalizado o inicio da recuperação.
O que pertuba é que Felipão, para defender os seus erros, está falando mais do que deve. A sua afirmação genérica de que entre os problemas que estão influindo no time, está o extra-campo. O que de tão grave ocorreu fora do campo para ganhar relevância e influir na conduta técnica e tática?
É questão financeira ou pessoal?
Surpreende-me Felipão tratar esse fato extracampo de forma genérica. Por não especificar fatos e pessoas, o fato genérico provoca especulações, colocando todos sob suspeita, dirigentes e jogadores.