Opinião

Palmeiras x Santos no Maracanã. Ou Quando Éramos Reis

A minha geração tem todo o direito de se sentir feliz. Qualquer fato presente no futebol, obriga-se a revisitar ou estudar o passado. Lá, sempre há a referência definitiva.

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No Maracanã, Palmeiras e Santos decidem a Libertadores da América. Com o passar do tempo, o passado se torna, ainda, mais remoto. Mas a passagem é incapaz de apagar a história daquele que foi como o jogo, o símbolo de um tempo em que nós todos, brasileiros, queríamos ser os reis do futebol.

E, o simbolismo como marca absoluta, é aquele Santos 7×6 Palmeiras, no dia 6 de março de 1958, no Pacaembu. A marcha do placar resume: Palmeiras 2×0, Santos 3×2, Palmeiras 3×3, Santos5x3, Palmeiras 6×5 e Santos 7×6, com o gol da vitória marcado por Pepe, aos 42 minutos do segundo tempo, que fez falecerem cinco corações no Pacaembu.

Depois, quando já éramos reis, Santos e Palmeiras, por muito tempo, foi o maior clássico do futebol brasileiro. O Santos, era o de Pelé, já escolhido como Rei por Nelson Rodrigues, e corado pelos franceses.

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O Palmeiras, era o do majestoso Ademir da Guia, cuja a expressão conceitual de Armando Nogueira o eternizou por “nome e sobrenome de craque”. O nome Ademir, de Ademir Menezes, o goleador brasileiro dos anos 50, e da Guia, do seu pai Domingos da Guia, cujo talento como zagueiro era tão grande, que originou expressão de vocabulário: “domingada”. Significa o zagueiro que joga bonito ou quando quer jogar bonito e erra. “O Alfredo Gottardi gosta de fazer uma domingada, hein filho!”, dizia o meu pai João, depois de uma jogada que o filho de Caju deixava todos os atleticanos com o coração na mão.

Quanta história nesse passado! Agora, Palmeiras e Santos no Maracanã. Já não somos mais reis. Já não temos mais craques. Já não servimos, sequer, para criar um passado que possa oferecer referências para as futuras gerações. Vivemos de ocasiões, de falsos craques incapazes de se tornarem ídolos e de disputa de técnicos com as suas teorias táticas. Às vezes penso que vivemos do nada.

Afinal, Palmeiras ou Santos?

Se eu tenho um sentimento neutro, ele, ainda, não se manifestou. Se continuar quieto, respondo: Santos. Sempre foi o nosso segundo time, naqueles tempos em que todos nós éramos reis. E, ainda, tem o nosso Cuca, carregando Maria no peito.

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PS: “Quando Éramos Reis” é o título do documentário de Leon Gast sobre a luta histórica de 1974, no Zaire, entre Muhammad Ali e George Foreman. Absolvido pela Suprema Corte por ter se negado ir lutar no Vietnã, Ali recuperou o título.

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