Opinião

O Athletico precisa de todos: ricos, pobres, brancos e negros. Faça isso, Petraglia

Emocionado pela conquista do bicampeonato da Sul-Americana, assim falou Mario Celso Petraglia: “É para a torcida que trabalho. Não é somente para aqueles que vêm ao estádio, que podem se associar. Nós temos mais de dois milhões de torcedores. É para essa gente que fazemos futebol, para todos, pobres, ricos, brancos e negros”.

continua após a publicidade

Nessa oração há dúvidas se Petraglia falou o que sente. Com certeza falou o que não é verdade e o que não quer.

O Athletico que está realizando é só para os ricos que, em sua maioria, são brancos. Os pobres, que em sua maioria são os negros, não têm acesso à Baixada e aos produtos que simbolizam o Furacão. Se for fazer uma pesquisa nas comunidades carentes de Curitiba, nas quais se concentra uma boa parte da nova geração de torcedores, irá se constatar que mais da metade não conhece a Baixada e o sonho maior é ver Nikão jogar.

Certa vez, analisando o biotipo dos atleticanos permanentes na Baixada, o imortal escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo conceituou esse público como “a torcida nórdica do Furacão”.

continua após a publicidade

Sem precisar interpretar, o excepcional escritor gaúcho quis dizer que a torcida do Athletico é formada por pessoas brancas, olhos de cores azul ou verde, os homens uma espécie de Deus Thor, e as mulheres, de Deusa Frigga.

Na execução da vida aprendemos que os sentimentos não são lógicos e que por isso, às vezes, precisamos racionalizar as emoções. Bem por isso, Mario Celso Petraglia poderia abrir uma rara exceção na sua política intransigente de limitar o público da Baixada aos “nórdicos”, plano que, historicamente, consegue reunir torcedores suficientes para um média de público na faixa de 15 mil, pouco mais de um terço da capacidade do estádio.

Nos jogos contra o Cuiabá e o Palmeiras, quando o Athletico vai precisar da sua torcida para resolver essa temerária pendência com a zona do rebaixamento, Petraglia poderia permitir que, não apenas os “ricos” e “brancos”, mas também “pobres” e “negros” possam ver os jogos na Baixada. Transigindo com o modelo atual, poderia permitir que os sócios pudessem levar um numero de convidados na mesma proporção de suas cadeiras.

continua após a publicidade

De repente, os “pobres” e “negros” terão um coração bem mais forte do que os dos “nórdicos” para gritar pelo Furacão.

Faça isso, Mario Celso.

Exit mobile version