Opinião

O Athletico e o centenário de 29 anos

Athletico mudará nome de estádio?

Os conselheiros do Athletico foram convocados para, no próximo dia 26, deliberarem sobre a alteração do artigo 99 do Estatuto Social, que trata da nomenclatura do nome da Baixada. O estádio que é Joaquim Américo Guimarães passaria a ser Mario Celso Petraglia.

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A redação altera um dos sentidos do verbo deliberar. No caso, o edital, ao já indicar o nome de Mario Celso Petraglia, traduz deliberar em impor e mandar formalizar uma decisão que já existe de fato, tomada por uma minoria em gabinete.

Não estou entre aqueles que entende que a alteração de valores imateriais, como é o nome de um estádio de futebol centenário, é questão de ordem privada. Esse argumento é muito cômodo para afastar a responsabilidade que cada um tem para um debate. Pode ser a favor ou contra, mas é necessário assumir uma posição e narrar as suas razões.

Um clube de futebol como o Clube Athletico Paranaense, embora de natureza jurídica privada, mesmo sendo associativo, tem objeto social público. Bem por isso, os seus atos internos irradiam-se ao exterior para repercutir no espírito de milhões de torcedores.

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Sou contra a alteração do nome do estádio. Se a referência dever o peso histórico entre as realizações, o ato de Joaquim Américo Guimarães tem um peso maior, quando entre 1914 e 1934, por permutas e doações, fez incorporar a área da Baixada ao patrimônio do Athletico.

Nem recorro ao valor material, embora a área da Baixada como terra nua seja o patrimônio de maior valor do Furacão.

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Mas essa não é a questão, embora se não fosse o ato de Joaquim não haveria o ato de Petraglia. E entendo que a história pode ser dividida em capítulos que a paixão os une. Não pode ser fragmentada como pretendem dividir a do Athletico e apagar a parte anterior a 1995.

Os conselheiros, antes de votarem a proposta, terão que responder algumas perguntas: 1ª) – O que farão com a história de Joaquim Américo Guimarães? Se terão que apagá-la, levarão borrachas à reunião, imagino. Presumo não existir nenhuma espécie de borracha capaz de apagar tão nobre história;

2ª) – O que farão com os livros até 1995, que contam a história do nascimento do Athletico que confunde-se com a história do próprio Joaquim Américo Guimarães? Irão queimá-los como os estudantes alemães da nacional-socialista queimaram, em 1933, a bliblioteca Opernplatz atualmente Bebeplatz, em Berlim?

Em resumo, “o que farão com Joaquim Américo Guimarães, que de uma forma direta doou a área da Baixada para o Athletico?”. Mas não é só isso. Além de ser insensível e apagar valores da história do clube, reduzindo 100 para 29 anos, a proposta é burra sob o aspecto comercial. No próximo post, trato do assunto.

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