Depois de algum tempo fui caminhar no Barigui. Por ser feriado estavam lá eu e a torcida do Athletico.
Todos nós espremidos nas limitadas faixas em que se caminha, anda, corre, pedala e exibem cachorros. Os animais, e não é de hoje, são os que não atrapalham. Faixas de concreto, por não serem conservadas, esburacam-se, e criam poças de água. Se fosse uma rua de gente bacana, Greca já tinha mandado asfaltar.
No final da caminhada, um jovem atleticano me provoca: “Mafuz, o Paulo Turra é tão burro, assim?”.
Como não iria bastar responder sim ou não, mas fundamentar a resposta, contei lição que aprendi com o notável Evaristo de Macedo, que dirigiu o Athletico, em 1996.
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Era costume de Evaristo almoçar na “Cantina do Pancho”, no início da Alameda Princesa Izabel, do saudoso atleticano Edson Sanches. Caminho da minha casa, as histórias e as lições do grande mestre me atraíam e por lá fiquei muitas vezes.
Certa vez perguntei a Evaristo qual a razão da sua conduta discreta à beira do gramado durante um jogo. O mestre respondeu: “O treinador que grita, esbraveja e dá pulos é aquele que é inseguro. O próprio jogador entende que o técnico não confia em si próprio”.
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Depois dessa lição, quando fui responder se “Turra é tão burro, assim”, o jovem atleticano disse: “Não precisa mais continuar. Estamos perdidos …”. E foi embora.
Eu não iria responder que Turra é “burro”. Responderia que Turra é o técnico, em tese, da lição de Evaristo, pois ao gritar, esbravejar, pular e só faltar dar cambalhotas à beira do gramado (contra o Galo foi um horror), firma a ideia de que os jogadores não lhe entendem e não lhe ouvem.
E essa é a verdade que ocorre no Athletico. Por não entenderem Turra, os jogadores não confiam em suas ordens.